Fenômeno e Nós
O homem quer ver para crer.
Aspira à construção da fé. E para isso exige fenômenos.
Entretanto, é um espírito imortal a exprimir-se através de uma caixa de
fenômenos e não percebe.
O cérebro é a maravilha que o abriga.
Na cúpula craniana tem a cabine da vontade, controlando bilhões de células a
lhe cumprirem as ordens.
Como se ajustam lobos, sulcos, e giros, como funcionam meninges, veias e
líquidos para que governe as próprias sensações não cogita para viver.
De que modo se comportam os neurônios para que possa pensar é problema de
que não se preocupa, quando reflete.
Domina a linguagem sem pensar o esforço que lhe reclama das áreas corticais
que lhe presidem a fala.
Enxerga dando trabalho aos nervos ópticos sem cogitar disso.
Ouve, por intermédio de complicados engenhos, mas não pondera quanto ao que
essa preciosidade lhe custa.
Mobiliza tubos, artérias, alambiques, aparelhos, canais e depósitos variados
para beber e comer, assimilar os recursos da vida e desvencilhar-se das
gangas residuais da alimentação, todavia, às vezes atravessa uma existência
secular sem a menor consideração por semelhantes prodígios.
Comumente reclama provas da sobrevivência da lama depois da morte, mas, até
hoje, embora conjeture, não sabe exatamente como é que veio à vida.
Ninguém nega que fenômenos servem para acordar a mente, contudo, é imperioso
reconhecer que as criaturas humanas, na experiência diária, comunicam-se
umas com as outras, através de montanhas deles sem a mínima comoção.
Eis os motivos pelos quais os espíritos superiores, conscientes da
responsabilidade que abraçam colocarão sempre os fenômenos em última plana
no esquema das
manifestações com que nos visitam.
Assim procedem porque a curiosidade inerte ou deslumbrada não substitui o
serviço e o serviço é a única via que nos faculta crescimento e elevação,
compelindo-nos a estudar para progredir e a evoluir para sublimar.
André Luiz