Associação
Se o homem
pudesse contemplar com os próprios olhos as correntes de pensamento,
reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de comunhão,
segundo os princípios da afinidade.
A associação mora em todas as
coisas, preside a todos os acontecimentos e comanda a existência de
todos os seres.
Demócrito, o sábio grego que viveu na Terra muito
antes do Cristo, assevera que “os átomos, invisíveis ao olhar humano,
agrupam-se à feição dos pombos, à cata de comida, formando assim os
corpos que conhecemos”.
Começamos agora a penetrar a essência do
microcosmo e, de alguma sorte, podemos simbolizar, por enquanto, no
átomo entregue à nossa perquirição, um sistema solar em miniatura, no
qual o núcleo desempenha a função de centro vital e os eletrons a de
planetas em movimento gravitativo.
No plano da Vida Maior, vemos
os sóis carregando os mundos na imensidade, em virtude da interação
eletromagnética das forças universais.
Assim também na vida
comum, a alma entra em ressonância com as correntes mentais em que
respiram as almas que se lhe assemelham.
Assimilamos os
pensamentos daqueles que pensam como pensamos.
É que sentindo,
mentalizando, falando ou agindo, sintonizamo-nos com as emoções e idéias
de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de
simpatia.
Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo recursos
mentais que se agregam aos nossos, fortificando-nos para o bem ou para O
mal, segundo a direção que escolhemos.
Em qualquer providência e
em qualquer opinião, somos sempre a soma de muitos.
Expressamos
milhares de criaturas e milhares de criaturas nos expressam.
O
desejo é a alavanca de fosso sentimento, gerando a energia que
consumimos, segundo a nossa vontade.
Quando nos detemos nos
defeitos e faltas dos outros, o espelho de nossa mente reflete-os, de
imediato, como que absorvendo as imagens deprimentes de que se
constituem, Pondo-se nossa imaginação a digerir essa espécie de
alimento, que mais tarde se incorpora aos tecidos Sutis de nossa alma.
Com o decurso do tempo nossa alma não raro passa a exprimir, pelo seu
veículo de manifestação o que assimilara fazendo seja pelo corpo
carnal, entre os homens, seja pelo corpo espiritual de que nos servimos,
depois da morte.
É por esta razão que geralmente os censores do
procedimento alheio acabam praticando as mesmas ações que condenam no
próximo, porqüanto, interessados em descer às minúcias do mal,
absorvem-lhe inconscientemente as emanações, surpreendendo-se, um dia,
dominados pelas forças que o representam.
Toda a brecha de sombra
em nossa personalidade retrata a sombra maior.
Qual o pequenino
foco infeccioso que, abandonado a si mesmo, pode converter-se dentro de
algumas horas no bolo pestífero de imensas proporções, a maledicência
pode precipitar-nos no vício, tanto quanto a cólera sistemática nos
arrasta, muita vez, aos labirintos da loucura ou às trevas do crime.
Pensando, conversando ou trabalhando, a força de nossas idéias,
palavras e atos alcança, de momento, um potencial tantas vezes maior
quantas sejam as pessoas encarnadas ou não que concordem conosco,
potencial esse que tende a aumentar indefinidamente, impondo-nos, de
retorno, as conseqüências de nossas próprias iniciativas.
Estejamos, assim, procurando incessantemente o bem, ajudando,
aprendendo, servindo, desculpando e amando, porque, nessa atitude,
refletiremos os cultivadores da luz, resolvendo, com segurança o nosso
problema de companhia.
Emmanuel