Possuir
Bem-aventurados os brandos de espírito por que possuirão a Terra.
Com está afirmação do Senhor, podemos reconhecer que há diferença
fundamental entre “possuir” e “ser possuído”.
Vemos conquistadores de nome célebre que julgam senhorear terras e haveres,
acabando sob o domínio da perturbação e da morte.
Observamos caluniadores eminentes, presumindo-se detentores das maiores
expressões de apreço público, caindo sob o império de amargosas desilusões.
Anotamos a presença de gozadores inveterados que, em se guindando ao ápice
dos mais extravagantes prazeres, descem, apressados, aos precipícios da
desesperação e do tédio.
Contemplamos usurários, aparentemente felizes, acreditando-se com direito
exclusivo sobre cofres repletos, em que amontoam perigosos enganos,
repentinamente despojados de todos os valores fictícios de que se supõem
eternos depositários, arrojando-se, em desvario, às linhas abismais da
loucura.
Convidou-nos o Divino Mestre ao equilíbrio, à candura e à humildade, para
que aprendamos a possuir em nome do Pai Excelso, a Quem pertencem toda
propriedade, todo poder e toda glória da vida.
Procuremos, desse modo, a clima de tolerância fraterna em que o Senhor
exemplificou na Terra a sua lição sublime para que estejamos seguros nas
construções imperecíveis da alma.
À frente da crueldade e da violência, da ignorância e da insensatez,
mantenhamos acesa a chama do amor, à maneira da fonte límpida que, servindo
e cantando, corrige os rigores da paisagem e fecunda o seio da Terra.
Não vale trocar golpe por golpe, injúria por injúria, mal por mal...
Convocados à edificação do Reino de Deus no mundo, a começar de nós mesmos,
é imprescindível saibamos suportar para renovar, sofrer para soerguer,
apoiar para levantar e renunciar para possuir.
Emmanuel