Única Alternativa
Multiplicam-se as tragédias sociais no planeta. E não precisamos sair do
Brasil para constatar o agigantar crescente, diário, dos crimes, das explosões
em terminais bancários, da corrupção galopante, da destruição de famílias
inteiras com a invasão das drogas ou com os homicídios passionais. Entre as
causas estão a vaidade, o orgulho, a ganância, o ciúme, a inveja e mesmo a
prepotência ou todo tipo de arrogância, geradores das angústias humanas e todos
efeitos diretos do egoísmo que ainda nos caracteriza a condição humana.
E acrescente-se a esse difícil quadro as doenças que se multiplicam
assustadoras, a falta de chuvas com seus desdobramentos, o aborto, o desemprego
e tantos outros desafios, inclusive os de natureza interior como a timidez, a
insegurança e por aí vai.
A presente abordagem não é pessimista. Ao contrário desejamos mostrar outro
ângulo da velha questão que ainda infelicitam as gerações. Apenas iniciamos a
abordagem com a cruel realidade de nosso tempo, sem nos determos em outros
detalhes e situações bem conhecidas que agravam ainda mais o cotidiano.
Somos pela vida, pela esperança, pela alegria de viver, pela gratidão a Deus.
O que ocorre é que, como seres humanos, não temos outra alternativa: ou
melhoramos moralmente ou melhoramos moralmente. Não há outro caminho.
A melhora moral traz alegria, esperança, gratidão, solidariedade. Tais virtudes
modificam completamente o quadro social onde se apresentam. Elas diluem as
mágoas – causa conhecida de muitas doenças –, afastam o crime, modificam os
ambientes de carência e miséria, demitem a corrupção, dispensam as drogas e a
violência em geral, pois que com elas não há lugar para o egoísmo, pai de todos
os vícios e desarmonias sociais.
É o velho ensino de fazer aos outros o que queremos para nós mesmos. Não há
desculpas mais que justifiquem a permanência no velho egoísmo da satisfação de
caprichos pessoais em detrimento da tranquilidade alheia. É exatamente pela
melhora individual que conseguiremos as tão sonhadas reformas sociais que trazem
a esperada felicidade.
Não teremos felicidade enquanto houver benefícios para uns em detrimento de
outros. A igualdade é uma lei, assim como o amor. Sim, uma lei da vida. Pode não
ser uma lei humana, mas enquanto desrespeitarmos o próximo – e esse desrespeito
está em todo tipo de marginalização ou diferença que façamos a alguém – não
teremos a paz social.
Note-se o quadro social da atualidade. Os desafios aí presentes são frutos
imediatos ou veteranos dos velhos vícios humanos de tirar vantagens, de
atendermos interesses próprios em detrimento do interesse coletivo. E
convenhamos que há situações e situações, múltiplas, onde nos portamos de
maneira a desrespeitar as diferenças humanas.
Então, a solução para os dias que correm é nossa melhora moral. Uma pessoa
melhor faz sua família melhor, que, por sua vez, reflete-se na vida social.
Ou aprendemos a amar sem distinção ou continuaremos nessa roda viciosa dos
desafios sem fim que se multiplicam, envergonhando nossa condição humana.
Crimes, corrupção, vaidades ou qualquer tipo de sentimento ou ação que denigram
interesses coletivos são contabilizados como débitos morais que deveremos
reparar.
É algo para pensar, não é? Inclusive com nossos filhos e o tipo de influência
que estamos exercendo uns sobre os outros.
Orson Carrara