Na Senda Evolutiva
Quantos milênios gastou a Natureza Divina para realizar a formação da máquina
física em que a mente humana se exprime na Terra?
O corpo é para o homem santuário real de manifestação, obra-prima do trabalho
seletivo de todos os reinos em que a vida planetária se subdivide.
Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação do
organismo da alma?
Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à
inteligência e da inteligência ao discernimento, século e séculos correram
incessantes.
A evolução é fruto do tempo infinito.
A morte da forma somática não modifica, de imediato, o Espírito que lhe usufrui
a colaboração.
Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra.
Assim é que, para as consciências primárias, a desencarnação é como se fora a
entrada em certo período de hibernação. Aves sem asas, não se elevam à altura.
Aguardam o momento de novo regresso ao ninho carnal para a obtenção de recursos
que as habilitem para os grandes vôos. Crisálidas espirituais, imobilizam-se na
feição exterior com que se apresentam, mas no íntimo conservam as imagens de
todas as experiências que armazenaram nos recessos do ser, revivendo-as em forma
de pesadelos e sonhos, imprimindo na mente as necessidades de educação ou
reparação, com que devem comparecer no cenário da carne, em momento oportuno.
Para semelhantes inteligências, a morte é como que a parada compulsória, por
algum tempo, diante de mais altos degraus da escada evolutiva que ainda não se
acham aptas a transpor. Sem os instrumentos de exteriorização, que lhes cabe
desenvolver e consolidar, essas mentes, quando desencarnadas, sofrem
consideráveis alterações da memória. Quase sempre, demoram-se nos acontecimentos
que viveram e, de alguma sorte, perdem, temporariamente, a noção do tempo.
Cristalizam-se, dessa maneira, em paixões e realizações do passado que lhes é
próprio, para renascerem, na arena da luta material, com as características do
quadro moral em que se coloram, desintegrando erros e corrigindo falhas,
edificando, pouco a pouco, as qualidades sublimes com que se transportarão às
Esferas Mais Altas.
Em razão disso, os Espíritos delinqüentes ressurgem nas correntes da vida
física, reproduzindo no patrimônio congenial as deficiências que adquiriram à
face da Lei.
O malfeitor conservará consigo longo remorso por haver desequilibrado o curso do
bem, impondo lamentável retardamento ao avanço espiritual que lhe diz respeito
e, com essa perturbação, represará na própria alma grande número de imagens que,
na zona mental dele mesmo, se digladiarão mutuamente, inibindo, por tempo
indeterminável, o acesso de elementos renovadores ao campo do próprio “eu”.
Purificado o vaso íntimo do sentimento, renascerá na paisagem das formas, com o
defeito adquirido através do longo convívio com o desespero, com o
arrependimento ou com a desilusão, reajustando o corpo perispirítico, por
intermédio de laborioso esforço regenerativo na esfera carnal.
Os aleijões de nascença e as moléstias indefiníveis constituem transitórios
resultados dos prejuízos que, individualmente, causamos à corrente harmoniosa da
evolução.
De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de pequenina
experiência em pequenina experiência, infinitamente repetidas, alargasse-nos o
poder da mente e sublimam-se-nos as manifestações da alma que, no escoar das
eras imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora-se na virtude,
estruturando, pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso
com que escalaremos, um dia, os impérios deslumbrantes da Beleza Imortal.
Emmanuel