Estrela Oculta
Quando a tempestade da cólera explode no ambiente, despedindo granizos
dilacerantes, vêmo-la por antena de amor, isolando-lhes os raios, e se o
temporal da revolta encharca os que tombam na estrada sob o visco da lama, ei-la
que surge igualmente por força neutralizante, subtraindo o lodo e aclarando o
caminho...
Remédio nas feridas profundas que se escondem na alma, ante os golpes da
injúria, é bálsamo invisível, lenindo toda chaga.
Socorro nobre e justo, é a luz doce da ausência ajudando e servindo onde a
leviandade arroja fogo e fel.
Filha da compaixão, auxilia sem paga impedindo a extensão da maldade infeliz...
Ante a sua presença, a queixa descabida interrompe-se e pára e o verbo
contundente empalidece e morre.
Onde vibra, amparando, todo ódio contém-se, e o incêndio da impiedade apaga-se
de chofre...
Acessível a todos, vêmo-la em toda parte, onde o homem cultive a caridade
simples, debruçando-se, pura, à maneira de aroma envolvente e sublime, anulando
o veneno em que a treva se nutre...
Guardemo-la conosco, onde formos chamados, sempre que o mal responde,
delinqüente e sombrio, porque essa estrela oculta, ao alcance de todos, é a
prece do silêncio em clima de perdão.
Emmanuel