Aparentes Injustiças
Entre historiadores, filósofos ou sociólogos, é corrente a ideia de que a
evolução de uma sociedade se reflete na sua legislação.
Segundo essa análise, quanto mais justas e ponderadas forem as leis de
determinado povo, maior o seu desenvolvimento coletivo.
Assim, percebemos que situações que eram aceitas há algum tempo, hoje são
motivo de escândalo.
As leis de hoje a ninguém concedem o direito de lavar sua honra, através do
duelo, como no passado, sem estar sujeito a penalidades legais.
Porém, tal prática ainda era corrente no Século XIX.
Não podemos hoje conceber que homens e mulheres tenham direitos
diferenciados ou que as mulheres sejam vítimas de preconceito.
Porém, a legislação não possibilitava seu direito ao voto e restringia sua
atuação no mercado de trabalho, nas primeiras décadas do Século XX.
Para alterar essas situações, inúmeros foram os juristas, estudiosos,
filósofos e legisladores que, de boa fé, buscaram desenvolver leis cada vez
mais justas.
E os mecanismos da justiça vêm sendo aperfeiçoados ao longo do tempo,
visando proteger e garantir o bem-estar e a justiça para todos.
Muito embora o esforço e dedicação e, apesar do progresso indubitável das
estruturas jurídicas na sociedade, ainda há muita injustiça a grassar no
mundo.
Isso porque trazemos em nossa intimidade grande soma de imperfeições, que se
refletem na sociedade.
Como não temos perfeita consciência das leis de justiça e fraternidade,
agimos movidos por sentimentos diversos que os da correção das ações e da
justeza dos atos.
E assim, porque não primamos pelo respeito às leis e aos direitos de nosso
próximo, geramos injustiças. Ao mesmo tempo, nós mesmos também podemos ser
atingidos pelas injustiças da sociedade.
Conhecedor da natureza humana como ninguém, Jesus, percebendo nossas
dificuldades íntimas e de relacionamento, nos preveniu a respeito.
Não foi por outro motivo que nos ensinou que as bem-aventuranças estariam
com aqueles que têm fome e sede de justiça.
De forma nenhuma queria indicar o Mestre que deveríamos estar à mercê dos
injustos e dos maus.
Lecionou-nos a resignação frente a impositivos em que não temos como atuar
em nossa defesa ou nos salvaguardar.
Portanto, perante as injustiças que acontecem no mundo, das pequenas às de
grande monta, que tenhamos a coragem da humildade e da paciência para
enfrentá-las.
Perceberemos, um dia, que muito melhor nos será perecer da injustiça que
soframos, do que sermos os semeadores dela.
Preferível sempre sofrermos a sua ação, mesmo não lhe compreendendo os
motivos, de imediato, do que procurar fazer justiça com as próprias mãos.
Assim, sejamos daqueles a primar pelo certo, pelo justo e pelo bem.
E, se as limitações e dificuldades daqueles que nos cercam nos atingirem com
o peso da injustiça, entreguemo-nos a Deus, confiando na sua sempre soberana
Justiça.
Pensemos: a Justiça Divina é infalível e a todos alcança. Os aparentemente
injustiçados de agora estamos ressarcindo passados compromissos infelizes.
Logo mais, a plenitude nos alcançará.
Momento Espírita