Economia Espírita

O Espiritismo abrange com a sua influência regenerativa e edificante não apenas a individualidade, mas também todos os círculos de atividade em que a pessoa respire. É assim que o Espiritismo na economia valoriza os mínimos recursos, conferindo-lhes especial significação.

Vejamos o comportamento do espírita, diante dos valores considerados de pouca monta:

Livro respeitável - Não o entregará à fome do cupim. Diligenciará transferi-lo a companheiros que lhe aproveitem a leitura.

Jornal espírita lido - Não alimentará com ele o monte de lixo. Respeitar-lhe-á o valor fazendo-o circular, notadamente entre os irmãos entregues à fauna rural ou núcleos distantes ou ainda entre reclusos em hospitais e penitenciárias, sem maiores facilidades para o acesso ao conhecimento doutrinário.

Publicações de qualquer natureza - Não fará com elas fogueiras sem propósito. Saberá empacotá-las, entregando-as aos necessitados que muitas vezes conquistam o pão catando papéis velhos.

Objetivos disponíveis - Não fará dos pertences sem uso, elogio à inutilidade. Encontrará meios de movimentá-los, sem exibição de virtude, em auxílio dos irmãos a que possam prestar serviço.

Móvel desnecessário - Não guardará os trastes caseiros em locais de despejo. Saberá encaminhá-lo em bases de fraternidade para recintos domésticos menos favorecidos, melhorando as condições do conforto geral.

Roupa fora de serventia - Não cultivará pastagem para as traças. Achará meios de situar com gentileza todos os petrechos de vestuário, cobertura e agasalho, em benefício de companheiros menos aquinhoados por vantagens materiais.

Sapatos aposentados - Não fará deles ninhos de insetos. Providenciar-lhes-á reforma e limpeza, passando-os, cordialmente, àqueles que não conseguem o suficiente para se calçarem.

Medicamento usado mas útil - Não lançará fora o remédio de que não mais careça e que ainda apresenta utilidade. Cedê-lo-á aos enfermos a que se façam indicados.

Selos utilizados- Não rasgará sem considerações os selos postais já carimbados. Compreenderá que eles são valiosos ainda e oferta-los-á a instituições beneficentes que os transformarão em socorro aos semelhantes.

Recipientes, garrafas e vidros vazios - Não levantará montes de cacos onde resida. Empregará todos os invólucros e frascos sem aplicação imediata na benemerência para com o próximo em luta pela própria sustentação.

Gêneros, frutos, brinquedos e enfeites sem proveito no lar - Não exaltará em casa o egoísmo ou o desperdício. Lembrar-se-á de outros redutos domésticos, onde pais doentes e fatigados, entre crianças enfraquecidas e tristes receber-lhe-ão por bênçãos de alegria as pequenas dádivas de amor, em nome de solidariedade, que é para nós todos simples obrigação.

A economia espírita não recomenda desapreço à propriedade alheia e nem endossa o esbanjamento. Seja no lar ou na casa de assistência coletiva, no campo ou no vilarejo, nas grandes cidades ou nas metrópoles, é a economia da fraternidade que usa os dons da vida sem abuso e que auxilia espontaneamente sem idéias de recolher agradecimentos ou paga de qualquer espécie, por reconhecer, diante do Cristo e dos princípios espíritas, que os outros necessitam de nós como necessitamos deles, de vez que todos somos irmãos.


André Luiz