O Naufrágio de Muitos Internautas
Alice estava desnorteada, e encontrando um gato sentado sobre o galho de uma
árvore, perguntou-lhe:
O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho tomar para sair daqui?
Isso depende muito de onde você quer ir... – Respondeu o gato com um sorriso
enigmático de orelha a orelha.
Não me importa muito para onde... – Afirmou Alice.
O felino sentenciou: Então não importa o caminho que você escolher. Para quem
não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
Nesses tempos de informações abundantes, de possibilidades infinitas, de
tecnologia surpreendente, fazem-se necessários alguns cuidados.
Cada dia fala-se mais e mais, sobre a triunfal entrada da Humanidade na era do
conhecimento.
Exalta-se a capacidade humana de estar vivendo, a partir deste momento, um
período no qual o conhecimento será a primeira riqueza.
Tudo é fonte para o conhecimento, e a principal delas é a internet.
É neste ponto que precisamos ir devagar com as coisas.
Não se deve confundir informação com conhecimento.
A internet, dentre as mídias contemporâneas, é a mais fantástica e estupenda
ferramenta para acesso à informação.
No entanto, transformar informação em conhecimento exige, antes de tudo,
critérios de escolha e seleção, dado que o conhecimento – ao contrário da
informação – não é cumulativo, mas seletivo.
Seria como alguém que entra numa dessas grandes livrarias, sem saber muito bem o
que deseja.
Corre o risco de entrar em pânico, tendo a sensação de débito intelectual, sem
ter clareza de por onde começar e imaginando que precisa ler tudo aquilo.
Faz-se fundamental o critério, isto é, saber o que se procura, para poder
escolher, em função da finalidade que se tenha.
Os computadores e a internet têm um caráter ferramental que não pode ser
esquecido.
Ferramenta não tem objetivo em si mesmo. É instrumento para outra coisa, para
outro fim.
O critério, o equilíbrio nos permitirão, assim, poder utilizar desse ferramental
com sabedoria, na dosagem certa, no momento adequado.
Sem critérios seletivos, muitos ficam sufocados por uma ânsia precária de ler
tudo, acessar tudo, ouvir tudo, assistir tudo.
Esquecem-se de se perguntar: Eu quero isso para mim? Eu preciso disso? Para que
serve? Aonde desejo ir?
Nos tempos de hoje, se não formos muito cuidadosos, corremos o risco de navegar
na internet, e naufragar.
Sêneca, sabiamente, já havia dito, que nenhum vento é a favor, para quem não
sabe para onde ir.
David Hume, afirmava: Por conhecimento, entendo a certeza que nasce da
comparação de ideias.
Para que nasça o conhecimento é necessário pensar, comparar, conectar ideias.
Nenhuma informação poderá ser tomada por verdade, por conhecimento, antes de
amadurecer dentro da alma humana.
Sabedoria não se transmite. É preciso que nós mesmos a descubramos depois de uma
caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar.
Momento Espírita