Olhos de Ver
Conta-se que um poderoso imperador, certo dia, estava a caminhar pelo belo
jardim de seu palácio, quando se deparou com um imenso dragão.
Percebeu que o dragão estava sedento e, como ele trazia consigo um cantil dágua,
num gesto de bondade, decidiu saciar a sede do grande animal.
Tão agradecido ficou o dragão que resolveu conceder ao monarca a realização de
um desejo. Aquilo que o imperador desejasse lhe seria concedido.
Após muito meditar, o soberano externou: Eu desejo conhecer a verdadeira
felicidade.
Pois bem, disse o dragão. Eu o levarei para a terra da felicidade. Lá, todos os
seus sonhos serão realizados. Nenhum pedido lhe será recusado.
Entretanto, prosseguiu, você deverá ir só. Não poderá levar nem sua esposa, nem
seus filhos, nem mesmo seus criados, pois que, se os levar, estarei realizando o
desejo de mais de uma pessoa e isso não posso fazer.
Um pouco abalado com essa informação, pois não desejava deixar sua família, o
imperador combinou com o dragão que ficaria na terra da felicidade por cinco
anos apenas.
Assim, foi conduzido ao venturoso lugar. Passado o tempo, ele foi trazido de
volta às suas terras, pelo dragão.
Nelas chegando, o soberano percebeu que as coisas haviam mudado. E mudado muito.
Seu jardim, antes sempre florido, estava seco. Procurou por sua família e amigos
e não os encontrou. Já não mais reconhecia as pessoas que habitavam aquele
lugar.
Confuso, procurou o dragão para solicitar explicações.
O dragão lhe informou que a contagem do tempo na terra da felicidade era um
tanto diferente. Para cada ano que se passa lá, dez anos se passam por aqui.
O imperador havia se ausentado de seu lar, portanto, por cinquenta anos. Sua
esposa já havia morrido, bem como a maioria de seus amigos. Seus filhos já
haviam ido embora.
Desesperado, ele começou a se lembrar dos anos vividos na terra da felicidade e
percebeu que eles eram ínfimos se comparados à lembrança dos momentos alegres
que tinha passado junto aos seus.
Com a alma transpassada de remorsos, sentou-se à mesa, na qual costumava fazer
as refeições em família e começou a chorar, copiosamente. Tanto chorou que
adormeceu.
Ao despertar, percebeu que ali estavam sua esposa e seus filhos. Olhou pela
janela e contemplou seu belo jardim, novamente florido. Tudo havia voltado ao
normal.
Sem entender muito bem, beijou e abraçou a todos e, num relance, uma voz se fez
clara em sua consciência. Era a voz do sábio dragão: Agora você já conhece a
verdadeira felicidade.
O Criador nos concede, diariamente, todas as ferramentas das quais necessitamos
para que sejamos felizes.
Em geral, elas estão muito próximas de nós. É a família que nos aconchega, os
amigos que nos alegram, o trabalho que nos sustenta, a oração que nos fortalece
e até mesmo as dificuldades que nos ensinam a caminhar melhor.
A felicidade que tanto almejamos anda ao nosso lado. Meditemos na recomendação
do Mestre de Nazaré: Quem tem olhos de ver, que veja!
Pensemos nisso!
Momento Espírita