Terrorismo de Natureza Mediúnica
Sutilmente vai-se popularizando uma forma lamentável de revelação mediúnica,
valorizando as questões perturbadoras que devem receber tratamento especial, ao
invés de divulgação popularesca de caráter apocalíptico.
Existe um atavismo no comportamento humano em torno do Deus temor que Jesus
desmistificou, demonstrando que o Pai é todo Amor, e que o Espiritismo confirma
através das suas excelentes propostas filosóficas e ético-morais, o qual deve
ser examinado com imparcialidade.
Doutrina fundamentada em fatos, estudada pela razão e lógica, não admite em suas
formulações esclarecedoras quaisquer tipos de superstições, que lhe tisnariam a
limpidez dos conteúdos relevantes, muito menos ameaças que a imponham pelo
temor, como é habitual em outros segmentos religiosos.
Durante alguns milênios o medo fez parte da divulgação do Bem, impondo vinganças
celestes e desgraças a todos aqueles que discrepassem dos seus postulados,
castrando a liberdade de pensamento e submetendo ao tacão da ignorância e do
primitivismo cultural as mentes mais lúcidas e avançadas...
O Espiritismo é ciência que investiga e somente considera aquilo que pode ser
confirmado em laboratório, que tenha caráter de revelação universal, portanto,
sempre livre para a aceitação ou não por aqueles que buscam conhecer-lhe os
ensinamentos. Igualmente é filosofia que esclarece e jamais apavora, explicando,
através da Lei de Causa e Efeito, quem somos, de onde viemos, para onde vamos,
porque sofremos, quais são as razões das penas e das amarguras humanas... De
igual maneira, a sua ética-moral é totalmente fundamentada nos ensinamentos de
Jesus, conforme Ele os enunciou e os viveu, proporcionando a religiosidade que
integra a criatura na ternura do seu Criador, sendo de simples e fácil
formulação.
Jamais se utiliza das tradições míticas greco-romanas, quais das Parcas, sempre
tecendo tragédias para os seres humanos, ou de outras quaisquer remanescentes
das religiões ortodoxas decadentes, algumas das quais hoje estão reformuladas na
apresentação, mantendo, porém, os mesmos conteúdos ameaçadores.
De maneira sistemática e contínua, vêm-se tornando comuns algumas
pseudorrevelações alarmantes, substituindo as figuras mitológicas de Satanás, do
Diabo, do Inferno, do Purgatório, por Dragões, Organizações demoníacas, regiões
punitivas atemorizantes, em detrimento do amor e da misericórdia de Deus que
vigem em toda parte.
Certamente existem personificações do Mal além das fronteiras físicas, que se
comprazem em afligir as criaturas descuidadas, assim como lugares de purificação
depois das fronteiras de cinza do corpo somático, todos, no entanto,
transitórios, como ensaios para a aprendizagem do Bem e sua fixação nos painéis
da mente e do comportamento.
O Espiritismo ressuscita a esperança e amplia os horizontes do conhecimento
exatamente para facultar ao ser humano o entendimento a respeito da vida e de
como comportar-se dignamente ante as situações dolorosas.
As suas revelações objetivam esclarecer as mentes, retirando a névoa da
ignorância que ainda permanece impedindo o discernimento de muitas pessoas em
torno dos objetivos essenciais da existência carnal.
Da mesma forma como não se deve enganar os candidatos ao estudo espírita, a
respeito das regiões celestes que os aguardam, desbordando em fantasias
infantis, não é correto derrapar nas ameaças em torno de fetiches, magias e
soluções miraculosas para os problemas humanos, recorrendo-se ao animismo
africanista, de diversos povos e às suas superstições. No passado, em pleno
período medieval, as crenças em torno dos fenômenos mediúnicos revestiam-se de
místicas e de cerimônias cabalísticas, propondo a libertação dos incautos e
perversos das situações perniciosas em que transitavam.
O Espiritismo, iluminando as trevas que permanecem dominando incontáveis mentes,
desvela o futuro que a todos aguarda, rico de bênçãos e de oportunidades de
crescimento intelecto-moral, oferecendo os instrumentos hábeis para o êxito em
todos os cometimentos.
A sua psicologia é fértil de lições libertadoras dos conflitos que remanescem
das existências passadas, de terapêuticas especiais para o enfrentamento com os
adversários espirituais que procedem do ontem perturbador, de recursos simples e
de fácil aplicação.
A simples mudança mental pra melhor proporciona ao indivíduo a conquista do
equilíbrio perdido, facultando-lhe a adoção de comportamentos saudáveis que se
encontram exarados em O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec,
verdadeiro tratado de eficiente psicoterapia ao alcance de todos que se
interessem pela conquista da saúde integral e da alegria de viver.
Após a façanha de haver matado a morte, o conhecimento do Espiritismo faculta a
perfeita integração da criatura com a sociedade, vivendo de maneira harmônica em
todo momento, onde quer que se encontre, liberada de receios injustificáveis e
sintonizada com as bênçãos que defluem da misericórdia divina.
A mediunidade, desse modo, a serviço de Jesus, é veículo de luz, de seriedade,
dignificando o seu instrumento e enriquecendo de esperança e de felicidade todos
aqueles que se lhe acercam.
Jamais a mediunidade séria estará a serviço dos Espíritos zombeteiros, levianos,
críticos, contumazes de tudo e de todos que não anuem com as suas informações
vulgares, devendo tornar-se instrumento de conforto moral e de instrução grave,
trabalhando a construção de mulheres e de homens sérios que se fascinem com o
Espiritismo e tornem as suas existências úteis e enobrecidas.
Esses Espíritos burlões e pseudossábios devem ser esclarecidos e orientados à
mudança de comportamento, depois de demonstrado que não lhes obedecemos, nem
lhes aceitamos as sugestões doentias, mentirosas e apavorantes com as histórias
infantis sobre as catástrofes que sempre existiram, com as informações sobre o
fim do mundo, com as tramas intérminas a que se entregam para seduzir e conduzir
os ingênuos que se lhes submetem facilmente...
O conhecimento real do Espiritismo é o antídoto para essa onda de revelações
atemorizantes, que se espalha como um bafio pestilencial, tentando mesclar-se
aos paradigmas espíritas que demonstraram desde o seu surgimento a legitimidade
de que são portadores, confirmando o Consolador que Jesus prometeu aos seus
discípulos e se materializou na incomparável Doutrina.
Ante informações mediúnicas desastrosas ou sublimes, um método eficaz existe
para a avaliação correta em torno da sua legitimidade, que é a universalidade do
ensino, conforme estabeleceu o preclaro Codificador.
Desse modo, utilizando-se da caridade como guia, da oração como instrumento de
iluminação e do conhecimento como recurso de libertação, os adeptos sinceros do
Espiritismo não se devem deixar influenciar pelo moderno terrorismo de natureza
mediúnica, encarregado de amedrontar, quando o objetivo máximo da Doutrina é
libertar os seus adeptos, a fim de os tornar felizes.
Vianna de Carvalho