Vírus Destruidor
A intriga é semelhante a um vírus destruidor que se multiplica rapidamente,
aniquilando a organização de que se nutre.
Imiscui-se sutilmente e prolifera com volúpia, irradiando a sua morbidez
devastadora.
Com facilidade transfere-se de uma para outra vítima, conseguindo gerar o
ambiente pestífero que lhe é próprio.
O intrigante, por sua vez, é enfermo da alma, portando graves distúrbios
emocionais e morais.
É invejoso, e transfere-se da conduta deplorável que lhe é característica para a
das acusações perniciosas; é portador de complexo de inferioridade, mantendo
sentimentos competitivos com os demais, e porque não possui os requisitos hábeis
para vencer, oculta-se na intriga, mediante a qual denigre aquele de quem se faz
opositor; é perverso, porque respira mágoas a respeito do seu próximo, que
procura anular através das covardes assacadilhas...
Urde planos nefastos e mascara-se com sorrisos pérfidos com que engana as suas
vítimas, enquanto as combate com ferocidade.
Sempre armados, a sua imaginação corrompe tudo quanto ouve e vê, adaptando à
vérmina que traz no pensamento. Ninguém se livra da intriga insidiosa e cruel.
São célebres na História da Humanidade as intrigas palacianas...
Nas cortes, onde a frivolidade e o ócio predominavam, as intrigas no passado,
assim como no presente, têm sido o alimento mantenedor dos parasitas morais que
as constituem.
Quase todas as criaturas têm sido abaladas pela insídia da sua maldade,
derrubando potentados e afastando pessoas nobres da execução dos seus elevados
ideais.
Tronos são derruídos pela insídia da intriga; reis e potestades tombam nas
malhas que as asfixiam.
A intrig é irmão gêmea da traição que se homizia no âmago dos Espíritos
infelizes.
Todo grupamento social, político, acadêmico, popular, religioso, cultural ou de
trabalho e de lazer, é vítima dos profissionais da intriga, neles integrados com
os nefandos objetivos de os desagregar.
...E a intritga campeia a soldo da insegurança, da imaturidade psicológica das
criaturas humanas.
O intrigante é instrumento dócil das Trevas que pretendem manter a sociedade na
ignorância, no atraso moral, a fim de nutrir-se das emanações humanas que
vampirizam.
Movimenta-se com facilidade porque é pusilânime, tornando-se hoje amigo daquele
que no passado feriu, e assim, sucessivamente, em relação às pessoas que, no
futuro, serão suas vítimas.
Alegra-se ao ver os distúrbios que provoca sem deixar-se trair, sorrindo de
prazer ante as injunções penosas que a sua conduta reprochável dá lugar.
Encontra-se em toda parte, por constituir larga fatia da sociedade inditosa que
se compraz na maledicência, nas observações distorcidas...
São necessários antídotos vigorosos para sanar essa epidemia ou muita água em
forma de paciência e compaixão para apagar os incêndios morais que provoca.
A intriga é semelhante a cupim que destrói a fonte de onde retira o alimento,
sem deixar vestígios externos, até o momento em que se desorganizam as
estruturas nas quais se refugia.
Fecha os ouvidos à persuasiva palavra simulada do intrigante, que te escolhe
para a catarse da própria desdita.
Não passes adiante a informação infeliz que ele te transmite com o objetivo de
envenenar-te o que, invariavelmente, consegue.
Abafa a intriga que te chega ao conhecimento no poderoso algodão do silêncio e
da dignidade.
Desarma-te, em relação ao teu irmão, adquire autoconfiança e autoconsciência,
que te instrumentalizam para não aceitares a morbidez da intriga destruidora.
Mesmo no colégio galileu, a intriga e o ciúme campeavam, culminando na traição
de Judas e em negação de Pedro em referência a Jesus, que sempre os amou.
Sê fiel ao teu ideal, mantendo lealdade com relação àqueles que constituem a tua
família biológica, quanto a espiritual.
Não agasalhes informações nefastas, deixando-te contaminar pelo morbo sempre
ativo da intriga.
Respeita a concha dos teus ouvidos, preservando-a da intriga e dignifica a tua
voz não a propagando, dessa maneira deixando-a diluir-se no oceano da tua
conduta moral.
Aqueles que se permitem criar embaraços ao seu próximo, acusando-os,
indevidamente, tecendo as redes das informações malsãs, vigiando-os de forma
implacável, empurrando-os na direção do abismo do desânimo e do sofrimento,
tornam-se responsáveis pelo mal que lhes venha acontecer.
São as mãos invisíveis que os asfixiam e as forças infelizes que os comprimem,
derrubando-os pelo caminho da evolução.
Se alguém, por acaso, não corresponde à tua confiança, nem retribui o teu
comportamento sadio, não te aflijas, porque o infeliz é ele que, ingrato, não é
capaz de compreender a beleza nem o significado da amizade legítima.
Em qualquer circunstância, sê aquele que vive com elevação e honradez, a fim de
que longos e saudáveis sejam os teus dias na viagem abençoada pela Terra.
Divulga o bem e canta a glória da afeição pura, entronizando na mente e na
emoção, os valores da alegria defluente dos deveres retamente cumpridos.
Embora aceito pelos frívolos, o intrigante é detestado e temido por todos, que
lhe conhecem o caráter e percebem que, de um para outro momento, poderão
ser-lhes vítimas também.
O que fazem com os outros, certamente farão contigo, sem compaixão.
Jesus recomendou a vigilância e a oração como terapia preventiva e curadora,
para uma existência digna e feliz.
Vigia as nascentes do coração para que nelas brote a água lustral do amor que se
expande, enquanto orarás, arando com os tratores da caridade, os solos humanos
que a vida te oferece.
Intriga, jamais!
Joanna de Ângelis