Paraíso
Todas as escolas religiosas trazem, em seus ensinos, relações profundas com o
entendimento da vida após a vida.
É natural que assim seja pois são as religiões, nos seus mais variados matizes,
a bússola e o amparo para as coisas que transcendem as explicações da ciência e
da razão.
Assim, naturalmente, desejamos a conquista da felicidade após a conclusão desta
vida, segundo esse ou aquele preceito.
Se o Paraíso ou Nirvana, ou qual seja a denominação que lhe damos, é o destino
daqueles que bem se conduzirem aqui, buscamos referências de como agir e
proceder para que a felicidade seja o destino final.
Nesse afã e na preocupação com a felicidade futura, imaginamos que a construção
dela se fará pelas ações externas, pela ritualística ou pela aparência.
Esquecemos que nada que se faça exteriormente terá sentido se não tiver sua
origem na nossa intimidade.
O significado e o valor das ações externas estão diretamente ligados ao
sentimento com que as impregnamos.
Assim, de nada valem orações, ritos, promessas e pactos, se não nascem na
intimidade de nossa alma.
Dessa forma, pode-se entender que o reino dos céus, que o paraíso e a felicidade
futura são construção íntima de cada criatura e que, inevitavelmente, se
exteriorizará na vida após a morte.
Se temos a preocupação de sermos felizes mais além, que comecemos hoje a
implementar essa felicidade, nas matrizes de nossa alma.
Para tanto, a conquista da consciência tranquila, resultado do dever retamente
cumprido, dos compromissos bem conduzidos, dos objetivos delineados com acerto,
é, certamente, a melhor referência.
Buscando a retidão interna, pautada em valores nobres que todos trazemos
latentes na alma, vamos construindo o paraíso que anelamos.
Dessa forma, quebramos a ilusão de que o reino dos céus, poeticamente ilustrado
e exemplificado por Jesus, seja um lugar físico ou um destino a se chegar.
De maneira alguma chegaremos externamente à felicidade, por se tratar de
construção íntima.
Assim, não planejemos chegar ao Reino dos Céus, ao Paraíso ou ao Nirvana.
Iniciemos hoje a construção dessa tão desejada felicidade.
E, quando a tivermos em nossa intimidade, onde quer que nos encontremos, ali
será o nosso céu bendito, conquista da alma em direção às coisas de Deus.
O Espírito está fadado à felicidade.
Todos estão na Terra para adquirir felicidade, jornadeando no rumo da plenitude
que é a meta futura.
Uma vida rica de beleza interior é um poema de alegria.
Em silêncio desabrocham as flores, desenvolve-se o embrião, a paisagem
modifica-se, fulgem as estrelas proporcionando alegria.
No silêncio da alma desenvolvamos qualidades superiores e desabrochemos para a
felicidade.
Momento Espírita