Humildes de Espírito

A humildade é o ingrediente oculto sem o qual o pão da vida amarga invariavelmente na boca.
Amealharás recursos amoedados a mancheias; entretanto, se não te dispões a usá-los, edificando o conforto e a alegria dos outros, na convicção de que todos os bens pertencem a Deus, em breve converter-te-ás em prisioneiro do ouro que amontoaste, erguido à feição de teu próprio cárcere.

Receberás precioso mandato de autoridade entre as criaturas terrestres; no entanto, se não procuras a inspiração do Senhor para distribuir os talentos da justa fraternidade, como quem está convencido de que todo o poder é de Deus, transformar-te-ás, pouco a pouco, no empreiteiro inconsciente da crueldade, por favoreceres a própria ilusão, buscando o incenso a ti mesmo na prática da injustiça.

Erguerás teu nome no pedestal da cultura; contudo, se não te inclinas à Sabedoria Divina, acendendo a luz em benefício de todos, como quem não ignora que toda inteligência é de Deus, depressa te arrojarás ao chavascal da mentira, angariando em teu prejuízo a embriaguez da vaidade e a introdução à loucura.

Lembra-te de que a Bondade Celeste colocou a humildade por base de todo o equilíbrio da natureza.

O sábio que honra a ciência ou o direito não prescinde da semente que lhe garante a benção da mesa.

O campo mais belo não dispensa o fio dágua que lhe fecunda as entranhas em dádivas de verdura.

E o próprio Sol, com toda a pompa de seu magnificente esplendor, embora fulcro de criação, converteria o mundo em pavoroso deserto não fosse a chuva singela que lhe ambienta no solo a força criadora.

Não desdenhes de servir, aprendendo com o Mestre Divino, que realizou o seu apostolado de amor entre a manjedoura desconhecida e a cruz da flagelação, e será contado entre aqueles para os quais Ele mesmo pronunciou as inesquecíveis palavras:

"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque a eles mais facilmente se descerrarão as portas do Céu."


Emmanuel