Rogativa no Túmulo
Amados, rogo a Deus vos compense a ternura
Que me ofertais na campa em marmóreo jardim,
A capela de adorno, as cruzes de marfim,
O abrigo de milhões que os restos me enclausura...
Entretanto, atendei!... Levai de sobre mim
A riqueza de pedra e as jóias de escultura,
Transformai-as em pão na vereda insegura
Da penúria que vejo agora de onde vim!...
Peço a cova sem luxo, um recanto sem palmas.
Em memória do amor que funde as nossas almas,
Não me façais lembrar o orgulho triste e vão.
Mas aceito, feliz, as flores que me destes
E as preces de saudade, à sombra dos ciprestes,
Que me trazem consolo e vida ao coração.
R. de Carvalho