Erotismo
Numa cultura dedicada quase que exclusivamente ao erotismo é natural que o
hedonismo predomine nas mentes e nos corações.
Como decorrência das calamidades produzidas pelas guerras contínuas de
devastação com as suas armas inteligentes e destruição em massa, o desespero
substituiu a confiança que havia entre as criaturas, dando lugar ao desvario de
todo porte que ora toma conta da sociedade.
Sem dúvidas, tem havido um grande desenvolvimento cientifico-tecnológico, dantes
jamais sonhado, no entanto, não acompanhado pelos valores ético-morais, cada dia
mais negligenciados e desrespeitados pelos indivíduos assim como pelas nações.
A globalização, que se anunciava em trombetas, como solução para os magnos
problemas socioeconômicos do mundo, experimenta a grande crise, filha espúria da
falência moral de muitos homens e mulheres situados na condição de executivos
supremos, que regiam as finanças e os recursos de todos, naufragados por falta
de dignidade, ora expungindo em cárceres os seus desmandos, deixando porém
centenas de instituições de variado porte na falência irrecuperável.
Como efeito, o sexo tornou-se o novo deus da cultura moderna, exaltado em toda
parte e elemento de destaque em todas as situações.
Enquanto enxameiam as tragédias, os crimes seriais como o suicídio imediato dos
seus autores, os multiplicadores de opinião utilizam-se da mídia alucinada para
a saturação das mentes com as notícias perversas, que estimulam psicopatas à
prática de hediondez que não lhes havia alcançado a mente.
Pessoas ditas famosas, na arte, no cinema, na televisão, exibem, sem pudor, as
suas chagas morais, narrando os abortos que praticaram, a autorização para a
eutanásia em seres queridos que lhes obstaculizavam o gozo juvenil, a
multiplicação de parceiros sexuais, os adultérios por vingança ou simplesmente
por vulgaridade, os preços a que se entregam, as perversões que os caracterizam,
vilipendiando os sentimentos daqueles que os veem ou leem estarrecidos uns, com
inveja outros, em lamentável comércio de degradação.
Jovens, masculinos e femininos, exibem-se no circo dos prazeres, na condição de
escravos burlescos em revistas de sexo explícito ou em filmes de baixa
qualidade, tornando-se ídolos da pornografia e da sensualidade doentia.
A pedofilia alcança patamares dantes nunca imaginados, graças à Internet que lhe
abre portas ao infinito, quando pais insensatos vendem os filhinhos para o vil
comércio do sexo infanto-juvenil, despedaçando-lhes a meninice que vai
cruelmente assassinada.
Por outro lado, a prostituição de menores é cada vez maior, porque o cansaço dos
viciados exige carnes novas para os apetites selvagens que os consomem.
E, porque vivem sempre entediados e sem estímulos novos, o alcoolismo, o
tabagismo, a drogadição constituem o novo passo no rumo da violência, da
depressão, do autocídio.
Vive-se, neste momento, a tirania do sexo em exaltação.
As dolorosas lições do passado, de religiosos que não se souberam comportar,
desrespeitando os votos formulados, que desmoralizaram as propostas doutrinárias
das crenças que abraçavam, o disfarce, a hipocrisia, ocultando as condutas
reprocháveis, geraram tal animosidade às formulações espiritualistas, com as
exceções compreensíveis, que os jovens não suportam, sequer, referências aos
valores do Espírito imortal.
Somente há interesse pelos esportes, particularmente por aqueles de natureza
física, no culto apaixonado pela beleza e pela estética de que se tornam
escravos por livre opção.
Num período, porém, em que uma boneca serve de modelo, ao invés de haver copiado
um ser humano, exigindo que cirurgias corretoras modifiquem a aparência de
algumas mulheres, a fim de ficarem com as medidas do brinquedo erótico, é quase
normal que haja um verdadeiro ultraje no que diz respeito aos valores reais da
vida.
A desconsideração de muitos governantes em relação ao povo que estorcega na
miséria, faz que as favelas e os morros vomitem os seus revoltados habitantes
para as periódicas ondas de arrastão que estarrecem.
Sucede que o bem não indo ao seu encontro, tem que enfrentar o mal que prolifera
e que desce do lugar em que se homizia buscando solução, mantendo comportamentos
selvagens.
As cidades, grandes e pequenas, tornam-se praças de guerras não declaradas,
porque as necessidades dos sofredores não são atendidas e alguns poderosos que
governam, locupletam-se com os valores que deveriam ser destinados à educação, à
saúde, ao trabalho, ao recreio dos cidadãos...
É compreensível que aumentem as estatísticas das enfermidades dilaceradoras como
o câncer, a tuberculose, as cardiovasculares, a AIDS, outras sexualmente
transmissíveis, as infecções hospitalares, dentre diversas, acompanhadas pelos
transtornos psicológicos e psiquiátricos que demonstram o atraso em que ainda
permanecem as conquistas na área da saúde, embora as suas indescritíveis
realizações.
O ser humano estertora...
Em razão da falta de orientação sexual, nestes dias de disparates, a gravidez
entre meninas desprevenidas aumenta de forma chocante, como fruto de
experiências estimuladas pela vulgaridade, sem qualquer preparo para a
maternidade, jogando nas ruas diariamente crescente número de abandonados...
Faltam programas de orientação moral, porque o momento é de prazer e de gozo,
condenando a maioria dos incautos ao desespero e à ilusão.
Ainda se prolongará o reinado erótico por algum tempo, até o momento quando as
Divinas Leis convidem os responsáveis pelo abuso ao comedimento, à reparação,
encaminhando-os para mundos inferiores, onde se encontrarão sob a situação de
acerbas aflições, recordando o paraíso que perderam, mas que podem alcançá-lo
novamente após as lutas redentoras.
Especialmente nesta hora chegou à Terra o Espiritismo, a fim de convidar as
criaturas desnorteadas a encontrar o rumo nos deveres éticos, restaurando a paz
e a alegria real nos corações, sem a música mentirosa das sereias mitológicas...
Restaurando a palavra de Jesus, propõe uma revisão ética dos postulados do
Cristianismo também ultrajado, a fim de que se revivam os comportamentos de
Jesus e dos Seus primeiros discípulos, dando lugar à lídima fraternidade, à
iluminação de consciências, ao serviço da caridade.
Mantém-te vigilante, a fim de que não te iludas nem enganes a ninguém,
contribuindo com a tua parte, por mais modesta que seja, de modo a fazer
instalar-se a era do amor pela qual todos anelam.
Joanna de Ângelis