Depende de Nós
O movimento da mãe natureza é de extraordinária beleza, quando conseguimos
desenvolver o olhar capaz de percebê-lo.
A árvore sobranceira, ornada de flores ou apinhada de frutos, cuja copa
abundante tornou-se abrigo de animais e de caminhantes humanos, ainda a pouco
tempo não passava de singela semente, em cuja intimidade o Criador estruturou o
futuro do bosque ou da floresta.
O palácio real, soberbo, que alberga nobres famílias ou que serve de palco de
diversas decisões para comunidades, confortável e seguro, foi erguido tijolo a
tijolo, pouco a pouco, até que se alcançasse as dimensões projetadas. Até pouco
tempo antes, toda a alvenaria que o compõe se encontrava desfeita no barro
informe, no corpo planetário, portando, potencialmente, as condições para
tornar-se útil, sob o comando da humana inteligência.
A peça valiosa de linho, que veste indivíduos e que enfeita ambientes,
emprestando-lhes elegância, requinte e frescor, ainda a pouco tremulava ao
vento, verdejante, num formoso e ágil bailado. Não passaria de erva ressecada e
abandonada, sem valor, se a inteligência do homem não a tivesse identificado,
manufaturado e posto ao alcance de todos, transformando-a em valioso tecido.
Assim também, vemos que a criatura de bem, generosa e digna, ordeira e operosa,
que engrandece a vida, onde quer que esteja, do mesmo modo que o delinqüente
atormentado e violento, calculista e frio, alvo da lamentação e do pavor onde se
apresente, não são outros senão as crianças que cresceram sob os auspícios do
amor e da liberdade ou sob a pressão do infortúnio e das limitações morais,
respectivamente, levadas que foram por mãos devotadas e atenciosas ou por
outras, displicentes e viciosas. Por seu turno essas mãos pertenceram a adultos
malformados, que passaram adiante o seu despreparo, ou foram próprias de outros
indivíduos bem estruturados, que multiplicaram sua grandeza.
É tempo de atentarmos para o fato de que o futuro do nosso planeta, no que diz
respeito aos campos da ética e da moral quanto da ciência e da arte, será feliz
ou desditoso, conforme se ache sob a governança de almas moralmente sadias ou
espiritualmente doentes, em função dos direcionamentos por nós impressos no
trabalho educacional.
Efetivamente, os que temos sob nossos cuidados o conduzimento da educação
infanto-juvenil, estejamos certos de que esses tempos bem aprumados do mundo ou
os dias de desestruturação planetária estarão na dependência da nossa
mentalidade e da nossa sensibilidade. Dependerá de nós a ventura ou a desventura
da humanidade porvindoura, inquestionavelmente.
A luz que coroará o mundo ou a sombra que o poderá toldar, estão sendo, desde
agora, elaborados por todos os que temos o dever de orientar e bem educar, a
começar pelos pais e pelos professores, até estender-se à mais ampla sociedade.
Cléia Rocha