Infância
Muitos psicólogos modernos acreditam que as crianças devem ser entregues à
inclinação espontânea, cabendo aos adultos o dever de auscultar-lhes a vocação,
a fim de auxiliá-las a exprimir os próprios desejos.
Esquecem-se, no entanto, de que o trabalho e a reflexão vibram na base de todas
as ações alusivas ao aprimoramento da natureza.
Se o cultivador aguarda valioso rendimento da planta, há que propiciar-lhe adubo
e carinho.
Se o estatuário concebe a formação da obra-prima, não prescinde do amor no trato
da pedra.
Se o oleiro aspira a plasmar uma idéia no corpo da argila, necessita
condicioná-la em forma conveniente.
Se o construtor espera segurança e beleza no edifício que lhe atende à
supervisão, não pode afastar-se da disciplina, ante o plano traçado.
Toda obra revela a fisionomia espiritual de quem a executa.
Além disso, treinam-se potros para corridas, instruem-se muares para tração,
exercitam-se pombos para correio e amestram-se cães para tarefas salvacionistas.
Como relegar a criança à vala da indiferença?
Do berço humano surgem muitos santos e heróis, para tarefas sublimes, no
entanto, em maior proporção, aí respiram, na moldura de temporária inocência,
almas comuns que suspiram por libertar-se da ignorância e da delinqüência.
Instinto à solta na infância é passaporte para o desequilíbrio.
Menino em desgoverno; - celerado em preparação.
Hoje, criança livre; - amanhã, problema laborioso.
Pequeninos refletem grandes.
Filhos imitam os pais.
Os hábitos da madureza criam a moda espiritual para a juventude.
Esclareçamos nossos filhos no livro do exemplo nobre.
Nem frio que os mantenha na servidão, nem licença que os arremesse ao charco da
libertinagem.
Em verdade, a criança é o futuro.
Mais ninguém colherá futuro melhor, sem frutos da educação.
Emmanuel