Teremos Paz Algum Dia?
Em meio a tantas notícias de violência, agressividade,
conflitos, agora também nossas casas são inundadas por informações de uma
possível guerra entre os Estados Unidos da América e seus aliados, contra o
Iraque.
A insegurança da população mundial, que já é grande, atinge níveis cada vez
maiores. Organismos internacionais como a ONU e a OTAN se movimentam fazendo
reuniões, estudando o assunto e tentando encontrar soluções para o impasse.
Milhões de pessoas no mundo todo se arregimentam em favor da paz, mobilizando-se
em passeatas, fazendo palestras, escrevendo artigos, nos quais procuram externar
sua opinião, indignados diante da possibilidade de uma guerra sem sentido e
desastrosa para todos.
E nós, espíritas, como devemos nos comportar?
De acordo com os conhecimentos trazidos pelos Espíritos, não ignoramos a
importância e a força do pensamento. Estamos cientes de que todos os fenômenos
residem na mente e que, pensando, plasmamos nossas idéias. O intercâmbio entre
os mundos material e espiritual é uma realidade; somos influenciados e
influenciamos as outras pessoas com nossas emissões mentais, sejam elas
positivas ou negativas.
Desse modo, será que temos idéia do que está acontecendo no mundo em termos de
vibrações ambientais? Toda a população contribui de alguma forma para que o medo
e a insegurança se alastrem quando comenta leviana ou apaixonadamente os
acontecimentos, toma partido de um lado ou de outro, enfim, quando externa de
forma desequilibrada o pensamento.
No livro De volta ao passado, Paulo, um amigo espiritual, relata suas
experiências na Bósnia-Herzegovina, quando foi trabalhar na região em conflito,
acompanhando uma equipe de “Céu Azul”. Sua tarefa era ajudar na retirada dos
Espíritos recém-desencarnados, para que não se aumentassem as vibrações
poderosas de ódio e desejo de vingança que ali campeavam e para evitar que eles
continuassem a lutar ao lado dos irmãos encarnados, julgando-se ainda na carne.
Descreveu as dificuldades que tiveram de enfrentar, tanto no atendimento aos
soldados, quanto à população civil composta de idosos, mulheres e crianças, que
estava sendo dizimada.
“Não bastasse isso, hordas obsessoras, falanges do mal, dominavam livremente em
virtude das baixas vibrações ambientais, facilitando o vampirismo. As cargas
negativas eram tão pesadas que as turmas que se revezavam no atendimento, a
períodos regulares, procuravam a orla marítima do Adriático para se
reabastecerem no ambiente puro e balsâmico da Natureza, limpo de miasmas
mentais, e, com isso, terem condições de energizar os corpos espirituais
combalidos.”1
Os riscos são muito sérios para a humanidade terrena numa situação de guerra.
Não fazemos idéia das imensas nuvens de emanações deletérias que se formam, como
conseqüência dos pensamentos de multidões, ameaçando as populações que estejam
vibrando na mesma sintonia de ódio, de destruição e de vingança, e que se
deslocam no espaço.
Certa vez, comentando sua experiência na Bósnia, disse-nos Paulo numa
comunicação psicofônica: Precisamos orar muito, para que essas nuvens não
adentrem o território do nosso país, onde existe paz e fraternidade,
contaminando o nosso ambiente.
Por que acontece tudo isso? Pela ambição, orgulho e egoísmo do homem, que só
pensa em seus próprios interesses, sejam eles pessoais ou de grupos étnicos,
quando a criatura parece regredir a níveis inferiores de animalidade.
Depois dessa guerra, quantos conflitos surgiram entre países, nos cinco
continentes?
Teremos paz algum dia? A razão assegura-nos que sim. O Evangelho de Jesus e a
Doutrina Espírita esclarecem que a evolução é lei divina, que todos os Espíritos
caminham para a perfeição, e que os brandos herdarão a Terra. Assim, à medida
que formos progredindo e nos tornando melhores, iremos assimilando o conteúdo
evangélico, tornando-nos mais fraternos e mais solidários. Enfim, vendo no outro
um irmão, a quem devemos amar como a nós mesmos.
Não há outra saída. A paz começa dentro de nós. Enquanto não estivermos
pacificados interiormente, refletiremos nossas distonias ao redor de nossos
passos, conturbando o ambiente em que vivemos.
À família, como primeira escola, educadora por excelência, compete a tarefa de
educar as almas que são enviadas pelo Criador para habitar aquele lar. Aos pais
compete a responsabilidade de cuidar, amparar e educar os filhos, de modo que se
transformem em pessoas de bem, dignas e úteis à sociedade.
Desejamos viver num mundo melhor, cheio de paz e felicidade.
Todavia, para que isso venha a acontecer, precisamos colaborar para a obra da
Criação, executando a nossa parte. A Terra, nossa casa, nosso lar, nossa
oficina, o planeta de nossos sonhos, aguarda a nossa colaboração, para que a
convertamos em glorioso paraíso através do amor.
Ao serem questionados por Kardec se algum dia a guerra desapareceria da face da
Terra, os Espíritos responderam:
- “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus.
Nessa época, todos os povos serão irmãos.”2
Todavia, só atingiremos esse estágio quando os homens se lembrarem de Jesus, o
Divino Amigo, que através do tempo e do espaço, continua a repetir
incessantemente:
“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que
consistem a lei e os profetas.”3
Enquanto isso, procuremos nos ligar às Potências Superiores da Vida, suplicando
o auxílio do Alto para todos os envolvidos, de forma que os governantes das
nações tenham o discernimento e o equilíbrio necessários para não jogarem o
mundo numa guerra de terríveis e inevitáveis conseqüências para a espécie
humana.
Célia Xavier Camargo - Revista Delfos