Anexins de Sempre

A cabeça ambiciosa
Que vive votada ao mal
Escreve o favor na areia
E grava a ofensa em metal.

Quem teme cobra e lagarto,
Quem passarinhos receia,
Perde a vida sem combate,
Não prepara, nem semeia.

Aprende a ver e lembrar!...
No curso de toda a história,
O soberbo perde a vista,
O ingrato perde a memória.

Da ternura doce e branda,
Sê devoto, não escravo...
Eu bonzinho, tu bonzinho,
Quem educa o burro bravo?

No mesmo tronco, onde a abelha
Retira fortuna e mel,
A aranha escura e disforme
Faz morte, peçonha e fel.

Cultiva a lei do equilíbrio
Que nos ajuda e contenta,
Se o necessário deleita,
O excesso fere e atormenta.

Do verbo usado no mundo,
Nasce a guerra, nasce a paz.
Com palavras edificas,
Com palavras matarás.

Guarda sempre em teu trabalho
Silêncio e ponderação...
Quando a praça parlamenta,
É hora de rendição.

Cumprindo a Vontade Eterna,
Sê pronto, leal e breve.
Quem faz tudo o que deseja,
Nem sempre faz quanto deve.

Não te revoltes se a Terra
Nega-te acesso ao jardim...
Há números de começo,
Não há número de fim.

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Casimiro Cunha