Um Rapaz de Outro Mundo

E hoje contarei o caso de um rapaz que se encontrou com os pais depois da morte.

Era ele um moço alegre e feliz que amava os esportes e curtia as distrações da sua idade.

Quando mais se empenhava à procura da felicidade, eis que a morte lhe reclamou o corpo, num processo de liberação repentina.

O rapaz foi recebido no Mais Além com grande jubilo dos parentes e amigos, entretanto, ouvia o clamor dos pais, que haviam ficado na terra, e se entristecia.

O pai tornara-se fechado e cismarento e a mãezinha do moço recém-desencarnado começou a procurar-lhes as noticias. Chorava, enternecia-se e rogava o Socorro Divino, até que, em certo dia, uma equipe de obreiros do bem trouxe o rapaz do Plano Espiritual ao Plano Físico, no intuito de soerguer-lhe o ânimo.

O moço começou traçando recados, até que chegou a ocasião de transmitir diretamente a própria palavra.

A senhora comoveu-se e decidiu-se. Atenderia às instruções do filho sem vacilar.

A saudade se lhe faria força e caminharia para frente, acompanhando o filho nas diretrizes que lhe comunicasse.

O intercâmbio, entre os dois, passou a ser constante.

De quando escutava no além, o rapaz lhe trazia noticias.

Era preciso, sugeria ele, que ela se entregasse à prática dos ensinamentos de Jesus.

O filho lhe falou de simplicidade a fim de que o coração se lhe fizesse mais leve e a dama obedeceu, abstendo-se do uso de jóias e demasiados enfeites que lhe pareceram, então, inúteis.

Falou-lhe de serviço ao próximo e a genitora passou a economizar para ser útil, auxiliando a viúvas e órfãos com todos os recursos de que pudesse dispor.

Referiu-se à aceitação e ela buscou viver sem reclamar.

Reportou-se ao valor da cooperação e a Mãezinha, na terra, reuniu extensa legião de amizade para o serviço do bem, reconhecendo que a união faz a força.

Anos transcorrem nesse correio de ensinamentos, quando o rapaz foi convidado a partilhar de uma reunião na Vida Espiritual, em que o tema era religião e caridade, tomando-se por base o Capitulo treze da Epístola Tiago, no Evangelho de Jesus.

Fez-se grande interesse, em torno do assunto, entre os circunstantes, porque todos os aprendizes queriam encontrar exemplos que lhes servissem na condição de pontos pra referência.

Alguns alunos foram despachados pra zonas rurais, enquanto muitos outros seguiriam pra as cidades.

Quando chegou a vez do rapaz a que nos referimos, o instrutor recomendou procurasse a senhora “X”, em tal momento e em tal lugar, pois acreditava que ela lhe oferecia o modelo justo destinado à aprendizagem que pretendia realizar.

O rapaz seguiu as indicações e qual não foi o seu espanto ao verificar que a senhora assinalada não era outra senão a Mãezinha dele mesmo que, apartir daí, se lhe faria instrutora.

Só então ele entendeu que através da saudade e na intenção de mostrar quanto o amava, a genitora recebera, a serio, todas as elucidações que lhe ouvia e, praticando aquilo que ele próprio lhe ensinava, ganhara-lhe à frente, transformando-se –lhe agora na mentora que lhe cabia seguir.

Surpreendido, o moço desencarnado sentiu-se arrastado a acompanhá-la no serviço aos semelhantes e reconheceu que fazer o bem é mais importante que conhecê-lo, sem aplicar-lhe os princípios.

Essência da historia: a criatura pode residir na Vida Espiritual, mas, em muitos casos, acabará reconhecendo que outra criatura, mesmo ainda presa à Terra, se lhe atende as lições, conseguirá tomar-lhe a dianteira, transmitindo-lhe os ensinos da felicidade pela prática do bem e a se lhe revelar muito amor.


Augusto Cezar