O Caminho
Leonardo estava perplexo. Entendia, agora, as visitas do Mestre Invisível.
Tinha o rosto banhado em lágrimas e o coração entristecido. Mas, como não
guardava perfeita compreensão de tudo, arriscou-se a considerar, ainda:
— Senhor, reconheço que não respeitei os sinais que me deste. Estava cego...
Perdoa-me e ajuda-me, por amor ao Pai de Bondade Infinita...
Os soluços de amargura íntima obrigaram-no a pequeno intervalo. O menino, porém,
criou forças novas e perguntou:
— Contudo, Senhor, e o caminho para o Céu?
Jesus, então, sorriu benevolente e esclareceu:
— O caminho celeste é o dia que ó Pai nos concede, quando aproveitado por nós na
prática do bem. Cada hora, desse modo, transforma-se em abençoado trecho dessa
estrada divina, que trilharemos até o encontro com a grandeza e a perfeição do
Supremo Criador, e cada oportunidade de bom serviço, durante o dia, é um sinal
da confiança de Deus, depositada em nós. Quem aproveita o ensejo de ser útil,
caminha para o Alto e avança na senda sublime, mas os que fogem ao trabalho
edificante perdem o tempo e demoram-se à retaguarda, lutando com os perigosos
monstros da preguiça e do mal.
O Mestre fez longa pausa e, depois, acariciando a fronte de Leonardo, que se
desfazia em pranto, perguntou:
— Porque fugiste à ocasião de ser bom, meu filho?
Veneranda