Outra Vez
Desculpaste, edificando,
Mas, se a treva e a insensatez
Voltam de novo a ferir-te,
Perdoa e ajuda outra vez.
Ouviste em prece os agravos
À doutrina em que mais crês;
No entanto, se há mais ofensa,
Perdoa e ajuda outra vez.
Esqueceste duros golpes
Da injúria e da rispidez...
Todavia, se ressurgem,
Perdoa e ajuda outra vez.
Viste mãos das mais queridas,
No sonho que se desfez;
Contudo, segue adiante...
Perdoa e ajuda outra vez.
Ao lamaçal da calúnia
Em dia algum não te dês.
Bendizendo os detratores,
Perdoa e ajuda outra vez.
Se teus pedidos mais justos
Somente encontram surdez,
Esperando sem revolta,
Perdoa e ajuda outra vez.
Recolhes por teu sorriso
Gesto rude e descortês?
O tempo tudo transforma;
Perdoa e ajuda outra vez.
Se queres guardar contigo
A bênção da intrepidez,
À frente de todo mal,
Perdoa e ajuda outra vez.
Injustiçado, não guardes
Nem mágoas e nem porquês;
Trabalhando alegremente,
Perdoa e ajuda outra vez.
Se almejas fazer migalha
Do muito que o Mestre fez,
Mesmo entregue à cruz da morte
Perdoa e ajuda outra vez.
Casimiro Cunha