Ouve Irmão

Para aclarar-te a senda
Morre o óleo sem mágoa,
Na lâmpada que empunhas...
Para servir-te a mesa
Sofre o vaso
As injúrias do forno;
Para fazer-te o pão
A semente, em renúncia,
Desce à cova sombria.
Para acalmar-te a sede
Corre a fonte
Sobre o leito empedrado...

E houve Alguém que, por ti
E em favor de nós todos,
Sendo Anjo Divino,
Imolou-se na cruz
Para doar-nos paz
Sobre a vida abundante!

Que sofremos, irmão?
Que bênçãos derramamos,
Nós que tanto devemos
Ao Céu e à Humanidade?
Que trabalho abraçamos
Por acender mais luz
E espalhar mais consolo?
Pára, medita e segue!...

A sábia natureza
Reclama, em toda parte,
O doce entendimento.
Repara a flor aberta,
A estrela branda e calma
E escuta a árvore humilde
A desfazer-se em dons
De socorro e carinho...
E deixa que por ti
Fale a benção de Deus
Que nos fez para a glória
De subir e brilhar
Na alegria sem fim
De servir e de amar...


Rodrigues de Abreu