A Paz é Fruto da Justiça
O título que usamos na presente abordagem é o lema da Campanha da
Fraternidade de 2009, da CNBB, cujo tema central é Fraternidade e Segurança Pública. A iniciativa anual da entidade é merecedora da melhor atenção e respeito, por envolver as questões sociais com o incentivo para a felicidade humana, especialmente através dos valores do Evangelho.
No caso do presente ano de 2009, a temática é atraente, pois são graves os problemas oriundos da violência, especialmente na área da segurança pública. E realmente o lema da campanha não poderia ser mais feliz e indicativo de uma grande verdade: a paz é fruto da justiça.
Sim, é a ausência de justiça que provoca tanto desentendimento e tanta
violência. Por se sentirem injustiçados, atacados, violentados em seus direitos
mínimos, é que muitas criaturas usam as artimanhas da agressão, destruindo a
paz.
O tema é, pois, abrangente. Basta que se considere o universo de violências
existentes no mundo. Violência contra a mulher, contra idosos, contra crianças;
violência da corrupção, dos desvios de verbas públicas, do trânsito, de
assassinatos, seqüestros e roubos. E não é só. Há também a violência urbana, a
violência doméstica, a violência das manipulações, das imposições e domínios
inescrupulosos – pessoais e coletivos – nos relacionamentos familiares e
profissionais; violência do tráfico e violência sexual. O que dizer, então,
quando se considera a violência da discriminação, do preconceito racial, de cor,
de posição social, de opção sexual, política ou esportiva? Ou ainda nas questões
econômicas e internacionais? Melhor pararmos por aqui, porque ainda temos a
violência religiosa e até a violência das pichações, contra animais, literária e
até pornográfica. Chega de violência!
Em qualquer uma delas que quisermos utilizar para breve ou profunda análise, no
entanto, encontraremos como causa a ausência da fraternidade e da justiça.
Sim, porque a ausência da fraternidade e da justiça, inclusive a pública,
constitui causa da violência. E esta tem mesmo sua fonte original no egoísmo
humano.
Basta pensar que a definição da palavra egoísmo é: amor próprio excessivo que
leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos
alheios. Ele, o egoísmo, é a causa das misérias sociais, a negação da caridade e
o maior obstáculo da felicidade humana. Tudo isso porque sem caridade não há
segurança nem tranqüilidade na sociedade, sendo o egoísmo incompatível com a
justiça, conforme indica O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, nas questões
913 a 917.
Interessante pensar que o egoísmo articula a ambição, a inveja, o ódio, a
cupidez, o ciúme. Ele perturba as relações sociais, provoca divisões, destrói a
segurança.
Muito oportuna, pois, a abordagem da CNBB, em sintonia com o que também
estudamos na Doutrina Espírita e indicando a necessidade de combate desse grande
mal que assola os relacionamentos e destrói a paz e a segurança, impedindo a
fraternidade. Afinal, é na renovação individual que se encontrará em definitivo
a segurança e a tranqüilidade, geradora da paz e construtora da justiça que
tanto buscamos em sociedade.
Parabéns à CNBB!
Orson Carrara