Você Sente Medo?
Sim, medo. Medo mesmo. Medo de quê? De chuva forte, trovão, altura, água, relacionamentos, de expor-se, de falar, de viver, de insetos ou animais, de usar veículos motorizados? Ou seu medo é quanto ao futuro? Tem medo da morte? Medo de ladrão, de violência ou da ameaça de falta d´água? Ou será que da atual crise financeira mundial? Ou medo da verdade, da mentira?
Sim, medo! Medo é um dos sentimentos humanos. Normal e necessário em muitos casos. Prejudicial, no entanto, quando ultrapassa as fronteiras do bom senso. Na verdade, todos trazemos algum tipo de medo.
O medo é útil em muitos casos, principalmente nos casos de preservação da saúde e da própria vida. Nocivo, no entanto, quando nos trava a iniciativa, nos paralisa a ação e nos bloqueia emocionalmente.
Tive que estudar o medo para atender o convite simultâneo de duas cidades em minhas andanças de palestras. E o aprendizado foi enorme. Já abordei o tema algumas vezes e cada vez estou aprendendo mais sobre tão instigante tema.
Na primeira abordagem, um profissional procurou-me no término da palestra e disse ter abandonado a profissão pelo pavor que sentia ao anestesiar pacientes... Outra mulher disse que não consegue entrar em veículos motorizados. Outra mulher também declarou seu pavor por raios e trovões.
Entre as principais causas do medo está a insegurança, mas principalmente a insegurança advinda da imaginação. O medo prejudicial é mais fruto da imaginação de fatos que talvez nunca aconteçam. Diante de uma viagem, uma entrevista ou qualquer outra situação que nos atemorize, ficamos a levantar hipóteses e imaginar situações de risco ou criando condicionantes: “E se...” , com uma infinidade de supostas justificativas.
O medo provoca reações físicas que vão desde a transpiração excessiva até a aceleração do batimento cardíaco, além do amolecimento das pernas, entre outras. Mas também provoca reações psicológicas e mentais que travam nossas potencialidades.
Para libertar-se do medo há um caminho: a) Entenda seu medo (relacione causas e raciocine sobre ele, pesquisando sobre o assunto); b) Enfrente seu medo (gradativamente, sem exageros ou precipitações, com base nas conclusões do primeiro passo; c) Mude seu comportamento (mude o foco de visão e análise da causa de seu medo) e d) Recupere a crença em si mesmo (descubra seu potencial, arme-se de coragem e levante a cabeça).
Por outro lado, não hesite em procurar ajuda, seja profissional ou não. Busque um amigo, pessoa de sua confiança. Conte sua história, abra seu coração. Isso é fundamental. Afinal o medo é muito mais uma forma de ver o mundo. Não é uma entidade nem uma doença, apenas um foco de visão.
Supere isso. Creia em sua capacidade! Pois ele, o medo, traz muitos prejuízos quando extrapola as fronteiras do medo necessário e útil que nos preserva a saúde, podendo avançar até para a forma cruel do medo que é a fobia.
Sugiro a leitura dos livros Livre-se do Medo, da Dra. Lucy Atheson, e Comunicação Não Violenta, de Marshall B. Rosenberg, ambos psicólogos americanos.
Tais livros vão ajudar você a superar seus medos. Afinal, são muitos os prejuízos do medo: a) vemos o mundo de forma destrutiva, pela nossa descrença; b) Nos consideramos fracos e incapazes, ou melhor, imaginamos isso; c) Ficamos impedidos de sermos melhores, pois bloqueamos nossa potencialidade; d) Ficamos restritos à zona de conforto e deixamos de crescer. E isso tudo sem falar dos prejuízos à saúde, com seus inevitáveis desdobramentos.
E onde buscar coragem: Lembremo-nos das sábias palavras do Mestre da Humanidade: “No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo”. Conforme registrou João, em seu capítulo 16, vers. 33.
Ou recordemos os primeiros cristãos que se entregavam às feras em gesto de absoluta entrega e fidelidade ao ideal que abraçaram, com autêntica manifestação de fé.
Mas seja qual for sua dificuldade, comece a experimentar desde já a superação dele, treinando passos novos que você pode eleger para vencer o medo. Não se deixe dominar. Você é forte e capaz!
Orson Carrara