Quando Se Vê...
O poema de nome Seiscentos e sessenta e seis, de Mário Quintana diz assim:
A vida é uns deveres que trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas: há tempo...
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem “um dia”, uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguia sempre em frente... E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil
das horas...
Ao se findar um ano, prestes a iniciar um novo, é quando se ouvem frases comuns:
Como passou rápido!; ou Nossa, nem vi o ano passar...; ou ainda: Lá se foi mais
um ano...
Muitas destas frases revelam uma espécie de falta de controle sobre o tempo em
nossas vidas.
Algumas são pronunciadas com pesar, como se o ano tivesse passado por nós, sem
percebermos, sem fazer nada significativo neste período de vida.
A vida está tão corrida! – dizem outros, revelando que o tempo passou por eles,
ao invés deles terem passado pelo tempo.
E quando se vê, passaram 60 anos! – diz o poeta.
Será que estamos passando pela vida, ou é a vida que está passando por nós, sem
percebermos, sem interagirmos, sem deixarmos nossa marca?
Será que às vezes não estamos fazendo coisas demais, sem eleger quais realmente
são as importantes para nosso Espírito?
Será que durante o ano conseguimos identificar cada uma das estações, e vivê-las
de forma intensa?
Não viramos escravos do relógio, do excesso de trabalho, do excesso de
preocupação, e de mais disso e daquilo?
É de se pensar... É de parar para pensar um pouco nestas questões.
Ao final de mais um dos ciclos da vida, faz-se fundamental uma pausa, avaliar,
planejar, e principalmente, curtir o momento.
Os ciclos são necessários para isso. Se não parássemos nunca, em breve a vida, a
saúde, a cabeça, como se diz, parava por nós.
Não somos máquinas, embora alguns costumes do mundo moderno pareçam querer nos
tratar assim.
Não somos marionetes nas mãos do tempo, nas mãos da profissão, nas mãos do
consumismo avassalador.
Somos Espíritos que estamos aqui, neste planeta, para nos desenvolvermos, para
conquistarmos perfeição moral e intelectual, para aprendermos a amar.
Somos viajores de muitas vidas, de muitas oportunidades, mas também de chances
únicas, de momentos únicos, que devem ser vividos com a intensidade da luz das
estrelas novas.
Somos a razão de tudo, e por isso mesmo precisamos exigir mais respeito de nós
mesmos.
Precisamos exigir do corpo um pouco mais de alma, e de tudo um pouco mais de
calma – lembrando outra bela poesia.
A vida não pára, certamente. Por isso somos nós que temos que parar um pouco.
Recomeçar é sempre preciso. Faz-nos falta o novo. E nada melhor do que um novo
eu para recomeçar com todas as forças.
É tempo de recomeçar...
Momento Espírita