Subjugação
Etapa grave no curso das obsessões, caracterizada pela perda do discernimento e da emoção, o estágio da subjugação representa o clímax do processo ultriz que o adversário desencarnado impõe à sua vítima, em torpe tentativa de aniquilar-lhe a existência física.
A perfeita afinidade moral entre aqueles que experimentam a pugna infeliz,
traduz o primarismo evolutivo em que desenvolvem os sentimentos, razão pela qual acoplam-se, perispírito a perispírito, impondo o algoz a vontade dominadora sobre quem lhe padece a ferocidade, por cujo doloroso meio lapida as arestas remanescentes dos crimes perpetrados anteriormente.
A subjugação é o predomínio da vontade do desencarnado sobre aquele que se lhe
torna vítima, exaurindo-lhe as energias e destrambelhando-lhe os equipamentos da
aparelhagem mental.
Noutras vezes, a irradiação mental perniciosa que lhe é descarregada com
pertinácia, alcança-lhe a sede dos movimentos ou o núcleo perispiritual das
células, provocando desconsertos que se transformam em paralisias, paresias e
distúrbios degenerativos outros de variada etiopatogenia.
O perseguidor enceguecido pelo ódio ou vitimado pelas paixões inferiores
longamente acalentadas, irradia forças morbíficas que o psiquismo daquele que
lhe infligiu a amargura assimila por identidade vibratória e se torna
decodificada no organismo, produzindo os objetivos anelados pelo obsessor.
Em ordem inversa, a onda de amor e de prece, de envolvimento caridoso e
fraternal, termina por encontrar receptividade tão logo o paciente se deixe
sensibilizar, transformando-a em harmonia e saúde, bem estar e paz.
Todos os fenômenos ocorrem no campo das equivalentes sintonias, sem as quais são
irrealizáveis.
Desse modo, a violência registrada nas agressões para a subjugação, somente
encontra ressonância por causa da afinidade entre aqueles que se encontram
incursos no embate.
Normalmente o processo é lento e persuasivo, provocando danos que se prolongam
no tempo, enquanto são minadas as forças defensivas para o tombo irrefragável
nas malhas da pertinaz enfermidade espiritual.
O processo cruel da obsessão de qualquer matiz tem suas raízes sempre na conduta
moral infeliz das criaturas pelo cultivar da sua inferioridade em contraposição
aos apelos elevados da vida, que ruma para a Suprema Vida.
Enquanto permaneçam os Espíritos afeiçoados às heranças do estágio primitivo,
mantendo o egotismo exacerbado, graças ao qual humilha e persegue, trai e
escraviza, explora e infunde pavor ao seu irmão, permanecerá aberto o campo
psíquico para as vinculações obsessivas.
Somente uma radical transformação de conceito ético entre os homens terrestres é
que os mesmos disporão de recursos seguros para se prevenirem obsessões.
No entanto, porque vicejem os propósitos inferiores em predomínio em a natureza
humana, sucedem-se as complexas parasitoses obsessivas.
Agravada pela alucinação do perseguidor, a subjugação encarcera na mesma jaula
aquele que a fomenta.
Emaranhando-se nos fulcros perispirituais do encarnado, termina por fixar-se-lhe
emocionalmente, permanecendo presa da armadilha que urdiu.
A subjugação é perversa maquinação do ódio, da necessidade de desforço a que se
escravizam os Espíritos dementados pela falta de paz.
Cultivando os sentimentos primários e encerrando a mente nos objetivos da
vingança cerram-se na sombra da ignorância, perdendo o contato com a razão e a
Divindade, enquanto não se permitem a felicidade que acusam de havê-los
abandonado.
Ambos desditosos – o subjugado e o subjugador – engalfinhando-se na peleja sem
quartel, não se dão conta que somente o amor consegue interrompê-la.
De tratamento muito delicado e complexo, o resultado ditoso depende da renovação
espiritual do paciente, na razão em que desperte para a seriedade da conjuntura
aflitiva em que se encontra. Simultaneamente, a solidariedade fraternal,
envolvendo ambos enfermos em orações e compaixão, esclarecimentos e estímulos
para o futuro saudável, conseguem romper o círculo vigoroso de energias
destrutivas, abrindo espaço para a ação benéfica, o intercâmbio de esperança e
de libertação.
A subjugação desaparecerá da Terra quando o verdadeiro sentimento da palavra
amor for vivido e espraiado em todas as direções, conforme Jesus apresentou e
vivenciou até o momento da morte, e prosseguindo desde a ressurreição gloriosa
até aos nossos dias.
Jornal Mundo Espírita de Fevereiro de 2000
Manoel Philomeno de Miranda