Amar a Si Mesmo
Os modernos psicoterapeutas estão muito preocupados com o que
se costuma chamar de auto-estima. Há muita gente por aí fracassando nos
negócios, nos projetos, na vida, enfim, devido ao menosprezo a si mesma.
Quando Jesus disse que amássemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a si mesmo, estabeleceu aí três tipos de amor, embora integrados num só. Sim,
porque quem verdadeiramente ama a Deus, está amando a tudo, pois Deus está em
tudo. Ele tanto se manifesta num simples e asqueroso morcego como na mais bela
flor do campo, como na mais luminosa estrela. O amor divino imanta-se em todas
as coisas. Daí comete um sacrilégio aquele que procura separar, discriminar,
dividir as coisas. Diz a sabedoria evangélica que uma folha não cai sem que Deus
não esteja aí presente. É que Deus é a lei, é a energia consciente que se
manifesta em tudo. Jamais uma entidade antropomórfica.
Por incrível que pareça ainda há pessoas que quando se referem a Deus, olham
para cima, como se o Criador estivesse no firmamento, sentado num trono, rodeado
de anjos, a cantar o tempo todo. O grande e revolucionário Einstein declarou que
o Universo é um pensamento. E esse pensamento não é outro senão Deus.
Aquele que despreza a si mesmo, que não pratica a auto-estima, que vive o tempo
todo se subestimando, não ama a ninguém. A auto-estima é fator para o sucesso na
vida. Nada, portanto, de estar dizendo: "eu não presto", "eu sou um miserável",
"sou uma criatura sem sorte", "nasci para sofrer." "Quem sou eu para merecer tal
favor."
Ora, está mais do que provado que tudo que pensamos se torna realidade. Somos o
que pensamos. Livros e mais livros estão sendo escritos evidenciando essa
realidade. É o tal pensamento positivo. Infeliz de quem olha a vida com
amargura, com ressentimento, com pessimismo. Jamais alcançará um lugar ao sol.
Quem se despreza é digno de compaixão. O pessimismo é uma enfermidade. Uma
enfermidade que gera outras enfermidades. Cada vez mais devemos nos valorizar.
Isso não constitui orgulho, não, como muita gente pensa. Isso constitui respeito
a si próprio.
O grande avatar indiano Ramachrisna ensinava que é perigoso dizer repetidamente:
"eu sou um pecador." Quem assim pensa, termina pecando mais ainda.
Somos criaturas perfectíveis, isto é, fadadas à perfeição, isto é, à iluminação.
Mais ainda, somos deuses, como sentenciou certa vez Jesus. Ora, se somos deuses,
tratemos de descobrir e projetar essa essência divina que dorme dentro de nós.
Está certa a assertiva de que o homem é a imagem de Deus. Mas não apenas o
homem. Tudo que foi criado, desde o inseto mais desprezível ao sábio mais
iluminado, está impregnado da energia divina.
"Eu sou um miserável"; "eu não valho nada."; "tudo para mim dá errado."
Expressões como essas jamais devem ser pronunciadas. Quem assim pensa, não está
se auto-estimando, por conseguinte, não está amando a Deus. Não ama a Deus quem
não ama ao próximo nem a si mesmo.
Carlos Romero