A Morte
A morte é uma grande reveladora. Nas horas de provação, quando as sombras nos rodeiam, perguntamos algumas vezes: Por que nasci eu ? Por que não fiquei mergulhado lá na profunda noite, onde não se sente, onde não se sofre, onde só se dorme o eterno sono ? E, nessas horas de dúvida e de angústia, uma voz vem até nós e diz-nos: Sofre para te engrandeceres, para te depurares! Fica sabendo que teu destino é grande.
Esta terra fria não é teu sepulcro. Os mundos que brilham no âmbito dos céus são
tuas moradas futuras, a herança que Deus te reserva. Tu és para sempre cidadão
do Universo; pertences aos séculos passados como aos futuros, e, na hora atual,
preparas a tua elevação. Suporta, pois, com calma, os males por ti mesmo
escolhidos.
Semeia na dor e nas lágrimas o grão que reverdecerá em tuas próximas vidas.
Semeia também para os outros assim como semearam para ti! Ser imortal, caminha
com passo firme sobre a vereda escarpada até às alturas de onde o futuro te
aparecerá sem véu!
A ascensão é rude, e o suor inundará muitas vezes o teu rosto, mas, no cimo,
verás brilhar a grande luz, verás despontar no horizonte o Sol da Verdade e da
Justiça!
A voz que assim nos fala é a voz dos mortos, é a voz das almas queridas que nos
precederam no país da verdadeira vida. Bem longe de dormirem nos túmulos elas
velam por nós. Do pórtico do invisível vêem-nos e sorriem para nós. Adorável e
divino mistério! Comunicam-se conosco e dizem: Basta de dúvidas estéreis;
trabalhai e amai. Um dia, preenchida a vossa tarefa, a morte reunir-nos-á.
Léon Denis