O Maior de Todos os Presentes que Podemos Dar aos Nossos Filhos
Minha filha, meu filho: só o amor educa. Não existe educação real sem amor
verdadeiro. Mas você briga, implica, reclama, cobra, inferniza, e quer educar.
Calunga*
A essência da educação é a imitação. Aprendemos repetindo as ações daqueles que temos como referenciais.
A maioria dos pais é muito preocupada em dizer ao filho como agir ou não agir,
permitir ou não permitir - o que faz parte da sua função, mas está longe de ser
o principal. Já ao falar, precisamos refletir sobre o peso do que estamos
dizendo, no significado daquelas palavras para a criatura encarnada como nosso
filho ou filha, em como isto vai repercutir dentro de seu ser, agora e no
porvir. E pouco ou nada vai significar o que dissermos sem haver experimentado,
vivenciado, todas as palavras que não vierem da nossa mais profunda verdade
interior.
Mas quando Allan Kardec diz que Jesus é o modelo de perfeição para os seres
humanos encarnados na Terra (O Livro dos Espíritos, questão 625), o princípio da
imitação está sendo reafirmado.
E o que vem a ser um modelo?... Quando um artista toma uma cesta de flores como
modelo para sua pintura, seu objetivo é reproduzir na tela a imagem da cesta, o
mais fielmente possível. Quando tomamos Jesus como modelo para nossas ações,
nosso intuito é reproduzir em nossas vidas os ensinamentos e exemplos do Mestre,
da melhor maneira que pudermos.
Ensinar é ser. Não podemos realmente educar quando não vivemos as lições.
Equivocadamente, valorizamos deveras o saber verbal, pensamos em oferecer
conselhos e orientações aos nossos filhos, em lugar de exemplos, e cremos que
este é o papel do pai e da mãe. Ao mesmo tempo, se damos exemplos em que eles
constatam que nós mesmos não seguimos nossos conselhos e orientações... que
espécie de educador estamos sendo? Desde bebês, os filhos são observadores
atentos dos pais. Quando crescem, lembram-se de coisas que fizemos, das quais
nós mesmos nos esquecemos.
Se passamos tempo de qualidade com eles, se oferecemos atenção sincera e
carinho, se saímos a passear e fazemos coisas juntos, tudo isto permanecerá com
eles para sempre, e esta é nossa maior herança. E também o modo como encaramos a
família e a vida profissional, o jeito como tratamos as pessoas, nossa relação
com os estudos e a leitura, nossa atitude perante a Natureza e as pessoas que
nos procuram precisando de ajuda.
Imaginamos que herança é dinheiro, bens materiais, o que é compreensível. Mas
nosso legado material pode fazer ou não parte do compromisso reencarnatório
deles, além do que, não é garantia de saúde e felicidade. O verdadeiro presente
que deixamos para nossos filhos, de bens imortais e incorruptíveis, é aquilo que
somos. Vai estar sempre em suas memórias, em seus gestos, em suas atitudes.
Oferecemos aquilo que somos, o que nos coloca diante de novas questões: será que
conseguimos servir de inspiração para os nossos filhos? Será que eles têm
vontade de ser como nós? Será que nós gostamos verdadeiramente daquilo que nos tornamos?
Rita Foelker