Em Defesa da Vida
Felizes da Terra!
Quando passardes ao pé dos leitos de quantos atravessam prolongada agonia, afastai do pensamento a idéia de lhes acelerardes a morte!...
Ladeando esses corpos amarrotados e por trás dessas bocas mudas, benfeitores do plano espiritual articulam providências, executam encargos nobilitantes, pronunciam orações ou estendem braços amigos!
Ignorais, por agora, o valor de alguns minutos de reconsideração para o viajor
que aspira a examinar os caminhos percorridos, antes do regresso ao aconchego do
lar.
Se não vos sentis capacitados a oferecer-lhes uma frase de consolação ou o
socorro de uma prece, afastai-vos e deixai-os em paz!... As lágrimas que
derramam são pérolas de esperança com que as luzes de outras auroras lhes rociam
a face!... Esses gemidos que se arrastam do peito aos lábios, semelhando soluços
encarcerados no coração, quase sempre traduzem cânticos de alegria, à frente da
imortalidade que lhes fulgura do além!...
Companheiros do mundo, que ainda trazeis a visão limitada aos arcabouços da
carne, por amor aos vossos sentimentos mais caros, dai consolo e silêncio,
simpatia e veneração aos que se abeiram do túmulo! Eles não são as múmias
torturadas que os vossos olhos contemplam, destinadas à lousa que a poeira
carcome... São filhos do Céu, preparando o retorno à Pátria, prestes a transpor
o rio da Verdade, a cujas margens, um dia, também vós chegareis!...
André Luiz