Valiosa observação de Hermínio
O consagrado escritor Hermínio Miranda, autor de vários e notáveis livros, em entrevista concedida à revista Universo Espírita, edição 42 – ano 4, na última pergunta, abordou importante questão que merece nossa maior atenção.
A pergunta é Como você vê os caminhos do Espiritismo hoje? E a valiosa reposta: Acho que ele corre dois riscos: o de ser deturpado e o de ficar engessado. Acho um pouco exagerada a fixação dos divulgadores espíritas de conversarem apenas entre si. Os grandes filósofos do passado foram grandes comunicadores, falavam para todos e todos entendiam. (...).
Não me estendo na transcrição, desejando fixar-me apenas nesse ponto: o da
comunicação, clara, abrangente.
Eis o papel dos divulgadores: alcançar o grande público!
Muitas vezes ficamos escrevendo e falando para nós mesmos.
Ora, a proposta espírita é para a humanidade. As idéias, quero dizer.
A linguagem, verbal ou escrita, há que ser clara, acessível, de fácil
assimilação, fiel aos princípios que a norteiam e atender aos anseios da alma...
Vemos instituições lotadas, em dias de passe, com pessoas ansiosas, aflitas.
Já não é hora de nos perguntarmos como estamos dirigindo o raciocínio no
entendimento dessa proposta extraordinária de bem estar e felicidade trazida
pelo Espiritismo?
A preocupação central deve ser transmitir o Espiritismo, com clareza e
fidelidade aos seus fundamentos. E isso deve ser feito de forma dinâmica,
atraente, clara, atendendo aos anseios do cotidiano.
É claro que devemos criar oportunidades de aprofundamento no estudo dos temas
inesgotáveis que o Espiritismo oferece, todavia, há que se ter a preocupação de
tornar as abordagens acessíveis ao grande público, especialmente a grande massa
que vai a procura de passes e tratamentos espirituais.
É exatamente o ensino espírita que vai libertar de traumas, culpas, medos,
geradores todos de perturbações e enfermidades. A preferência é, pois, pela
transmissão clara do ensino espírita.
Expositores, dirigentes, escritores, coordenadores de cursos e estudos,
atendentes, devemos todos nos preparar para uma comunicação eficiente, clara,
agradável, amistosa.
Muitas de nossas atitudes e palavras, impensadas ou precipitadas, geram
interpretações prejudiciais. Isso pode significar deturpação ou engessamento das
idéias, como lembra Hermínio.
Por isso, uma vez mais, a necessidade de estudar continuamente. Provocar
diálogos construtivos, encontros e debates, incentivar o estudo, indicar obras,
aproximar as pessoas, parece-nos serem os recursos ideais para alcance desses
objetivos.
É bom pinçarmos essas instruções de matérias, reportagens e entrevistas. Sempre
trazem reflexões de importância. É uma boa oportunidade de meditarmos sobre o
que estamos fazendo com o tesouro do conhecimento espírita em nossas mãos.
Orson Carrara