Delinqüência
Examinando de frente os erros e deficiências que ainda nos caracterizam a
tela social no caminho humano, o delinqüente confesso é, quase sempre, o fruto
envenenado que inadvertidamente ajudamos a surgir e amadurecer, na plantação de
nossos próprios desajustes.
Antes de sentenciá-lo a penas de efeitos imprevisíveis, deixa que a compaixão te
inspire o juízo inseguro, para que te não falte a bênção da piedade no dia em
que a sombra te venha bater à porta.
Lembra-te de que, diante da Lei, a criminalidade não é apenas aquela que
comparece à barra dos tribunais que o mundo improvisa...
Recorda, quantas vezes, aniquilamos a esperança do companheiro com a palavra
insensata, em quantas ocasiões teremos eliminado a lavoura promissora da fé no
espírito dos semelhantes com a lâmina do mau exemplo e rememora as múltiplas
estradas em que a alegria dos outros terá desaparecido ao contacto dos raios
destruidores de nossa intemperança mental.
Não olvides o furto impensado que em muitas circunstâncias impomos a quem
trabalha na fraternidade e na paz, substraindo-lhe o tempo; relaciona o roubo da
tranqüilidade e do pão que infligimos a todos os que nos sofrem a pressão do
egoísmo e não te esqueças da lama invisível que, em tantas ocasiões,
arremessamos, inconscientes e irresponsáveis, ao nome alheio, quando aderimos
sem perceber ao propósito escuso de quantos navegam na corrente lodosa de que se
derramam injúria e maledicência.
Diante do irmão que a penitenciária corrige ou que o cárcere acolhe, meditemos
na Misericórdia Divina que nos impediu a delinqüência direta, sempre viva em
potencial nas nossas emoções enfermiças e, em testemunho de gratidão e de
entendimento, sejamos para o amigo na prova do reajuste, o cirineu que ajuda e
compreende, para que sejamos, em verdade, com a lição de Jesus.
Emmanuel