Levar

Da vida nada se leva!

Efetivamente, a desencarnação representa um abandono compulsório de todos os bens transitórios que acumulamos ou de que nos servimos.

A tormenta das almas, transpostos os umbrais da carne, porém, quase sempre se constitui não no que se levou para o Além, mas sim no que ficou no aquém.

É a fortuna disputada vorazmente.

A família que se destroça, sem razão.

A absoluta ausência de fortaleza moral, que deixamos no rasto de nossa passagem pela Terra, a infelicitar os que mais amamos.

A posição pela qual sacrificamos amigos.

Não!

Se nada levamos, muito deixamos.

Selecionemos, em decorrência, todas as nossas obras, no curto espaço de uma existência, a fim de que as algemas que forjamos com a indiferença ou com o mal não nos aprisionem indefinidamente a questões que, depois, não poderemos solucionar.


Roque Jacintho