Se Jesus Vivesse nos dias de Hoje
Se Jesus vivesse nos dias de hoje, no Brasil, e Lucas tivesse
que narrar através da escrita a Parábola do Bom Samaritano, quem sabe a contaria
assim:
Uma dessas pessoas bem de vida, e com uma considerável cultura, curtindo um som
no seu carro, parado, a espera quem sabe de uma paquera, de repente vê Jesus na
praça, rodeado de pessoas, onde conversava ensinando sobre o que seria a vida
eterna.
Curioso - essa pessoa que aparentava ter uns 38 anos de idade - desligou o som,
fechou a porta do carro, se aproximou também daquela roda de gente para ouvir
Jesus.
Jesus falava da eternidade da vida, quando esse homem demonstrando possuir boa
cultura bolou uma maneira de fazer Jesus cair em contradição, para que pudesse
se mostrar superior. E olhando para Jesus com um sorriso sarcástico perguntou:
- Hei, professor, o que devo fazer para entrar na posse dessa vida eterna?
Jesus, sem se abalar, olha para o seu inquiridor e diz:
- Pelo que eu posso verificar e perceber, você deve ter sido educado em alguma
religião, e eu lhe pergunto:
- Como foi que você aprendeu a maneira de um homem viver bem na vida, através da
tua religião?
O homem sem titubear respondeu sorrindo:
- É que eu deveria amar a Deus de todo o meu coração, de toda a minha alma, com
todas as minhas forças, e de todo o meu entendimento e ao próximo como a mim
mesmo.
Jesus então lhe disse:
- Respondeste otimamente, então faça isso, e viverás bem.
Agora, o homem tentado se justificar, perguntou:
- E quem é o meu próximo?
E Jesus olhando-o aproximou-se dele, colocou a mão esquerda em seu ombro, e
apontando com a mão direita para qualquer direção disse:
- Um homem, metalúrgico que trabalhou a noite inteira, ou seja, até a uma hora
da manhã em uma fábrica situada em São Bernardo, saindo do serviço pegou o seu
carro e se dirigia para o seu lar localizado em São Paulo.
Cansado, dirigia numa velocidade um pouco acima do normal, porém sem ultrapassar
o limite exigido por lei, já que essa pessoa da qual estou falando é respeitador
das leis de trânsito. Pois bem, esse metalúrgico dirigindo-se para a sua
residência parou normalmente em todos os faróis que sinalizavam luz vermelha, e
foi numa dessas paradas que ladrões o assaltaram e levaram tudo o que tinha,
inclusive o carro, e o largaram bastante ferido estendido à beira da calçada.
- Já era hora das pessoas que iriam fazer turno diurno se dirigirem para as
empresas onde trabalhavam. Assim passavam com bastante intensidade por aquele
local. Contudo até àquela hora o homem não fora socorrido por nenhum daqueles
transeuntes. Todos passavam por ele, viam-no estendido no solo, gemendo de dor,
mas com medo de se comprometerem não havia ninguém que o socorresse de maneira
nenhuma. O olhavam penalizados, até comentavam sobre ele, mas iam embora sem
fazer absolutamente nada.
- De repente uma pessoa com um fusquinha bem surrado, de aparência comum e de
pouca cultura, passando pelo local, olhou para aquela criatura a gemer de dor.
Teve compaixão, estacionou o carro, verificou o estado da vitima, pediu ajuda a
Deus, procurou um telefone rapidamente para chamar o Corpo de Bombeiros, e
enquanto aguardava o resgate tentava ajudar a vítima com preces e palavras de
ânimo.
Com um pano de flanela umedecida levemente com água, que carregava numa garrafa
de refrigerante de plástico tipo pet, retirava o suor da criatura estendida ao
solo, devido às dores causadas pelos ferimentos.
Mesmo cansado e com sono, após uma jornada, ou melhor, uma noitada de trabalho
fatigante, continuou ali, firme, limpando os ferimentos que se apresentavam mais
expostos, e até a chegada do socorro ficou ao lado do ferido fazendo tudo o que
podia para ajudá-lo.
- Quem é que lhe parece ter sido o próximo daquele que foi vítima dos ladrões? -
pergunta Jesus.
O homem respondeu:
- Foi aquele que auxiliou o metalúrgico, vítima dos ladrões, dando-lhe toda a
ajuda possível.
- Então - disse Jesus -, se você ajudar a todos aqueles que se apresentarem no
teu caminho, como verdadeiros necessitados, não demonstrando indiferença e lhes
dirigir uma palavra de conforto, oferecer um prato de comida, der um copo de
água, oferecer o devido auxílio quando se apresentarem diante de ti com qualquer
tipo de deficiência, der informações adequadas quando te solicitarem, der toda a
ajuda possível quando te pedirem socorro por causa de algum acidente, etc., é
construir um mundo melhor. Tem mais: dar um bom dia às pessoas que são teus
vizinhos e companheiros de serviço; visitar um asilo ou um hospital, de vez em
quando, levando uma palavrinha de ânimo e ou ser todo ouvidos aos que desejarem
conversar um pouco contigo, e por aí vai, é receber de presente à amizade.
Enfim, fazer estas coisas é contribuir para a tua felicidade íntima, colher um
futuro pleno de amor, e entrar na posse da vida eterna.
Élio Miolo