Vida Transitória
Tendo em vista a transitoriedade do corpo e a inevitabilidade
da morte, vive, de maneira que possas partir, da Terra, livre e feliz.
O fenômeno biológico pode interromper-se subitamente, não te permitindo tempo
para qualquer preparação.
Conduze-te de forma que, seja qual for o momento em que sejas convidado ao
retorno, possas seguir sem amarras ou aflições desconcertantes.
Organiza bem os teus labores e compromissos, a fim de que outros possam levá-los
adiante com tranqüilidade.
Regulariza as tuas atividades, liberando-te de temores ou remorsos futuros
desnecessários. Enriquece-te com os tesouros do amor, enquanto podes, a fim de
que disponhas de recursos para a viagem inevitável.
Há pessoas, que vivem no corpo, totalmente esquecidas da sua fragilidade como da
sua breve duração.
Programam compromissos a distância, no tempo, distraídas da compulsoriedade da
morte.
Parecem crer que o passeio orgânico é conquista que não se interromperá,
demorando-se no cultivo das fantasias e ilusões que um dia as abandonarão em
doloroso estado de desencanto. Outras existem, assinaladas por sofrimentos
cessar, deixando-se dominar pela revolta e pela amargura, esquecidas de que, em
breve, estarão liberadas.
Nada na Terra, é definitivo, mesmo no campo físico das aglutinações moleculares,
já que todos os fenômenos aí se dão mediante sucessivas transformações.
No que diz respeito aos valores morais espirituais, a experiência corporal tem,
por finalidade precípua, desenvolvê-los e ampliá-los, para a glória de cada ser.
Age com serenidade, buscando sempre solucionar os problemas e desafios com saldo
positivo de paz.
Evita as atitudes ostensivas e os comportamentos prepotentes, que ferem sem
ajudar, deixando mágoas e aborrecimentos.
Usa o tempo com propriedade, bem dividindo as horas, sem que te esqueças dos
deveres de relevo na órbita espiritual.
Se queres, sempre podes produzir no bem.
Não te poupes, portanto, na ação da solidariedade, do esclarecimento, do amor.
Vida sem bondade, é como parasita explorador e pernicioso. Usa os dons íntimos,
que te jazem latentes, e amplia-os em favor do progresso de todos.
Tua vida é exemplo para outras vidas.
Torna-a uma claridade no caminho daqueles que te seguem.
Ninguém passa incólume, insensível à presença de outrem. Deixa, em quem se
acerque de ti, sinais de paz e de ternura, de amizade e de gratidão.
O tempo transcorrerá, inevitavelmente, de qualquer maneira.
Usa-o na construção da tua e da felicidade alheia.
Se dispuseres de oportunidade para aguardar a morte, faze-te exemplo de ânimo
para aqueles que a temem ou a detestam, também encorajando os fracos e tímidos.
Se, entretanto, ela te chegar de improviso, recebe-a tranqüilamente, e segue,
porque após a tua partida, com os teus exemplos bons, deixarás pegadas
luminosas, como significando que por ali passou um coração afável que soube
viver para a verdade e o amor.
Joanna de Ângelis