Paternidade Involuntária
Companheiro.
Você nos solicita algo dizer sobre a paternidade involuntária.
Comecemos por destacar a situação dos irmãos desencarnados ainda excessivamente
vinculados à experiência física.
Ei-los que passam por nós ou passamos por eles.
Formam grupos que evoluem, rente aos próprios homens.
Vemo-los sem que nos vejam.
Estão dentro da nuvem formada pelos pensamentos de que se nutrem.
Emanam-se pelas vibrações que eles próprios emitem.
Cada núcleo parece uma colônia de consciências dilapidadas pelo sofrimento que
criaram para si próprias.
Num plano de vida, em que as idéias tomam forma e consistência, em derredor
daqueles que as arrojam de si, jazem fora da realidade, vivendo nas alucinações
materializadas, agora em movimento por fora deles.
Todos, porem, acalentam o desejo de retomar o corpo que deixaram, a fim de
reclamarem no mundo físico o que julgam pertencer-lhes.
E, na impossibilidade que lhes frustra os anseios, depois de amargosos diálogos
sempre reiterados, acabam em explosões de rebeldia e arrependimento que
sensibilizariam corações de pedra.
De nossa parte, efetuamos quanto se nos faz possível para asserenar-lhes o
espírito agoniado.
Formamos turmas de assistência que os reconfortem ou lhes restaurem o ânimo, no
entanto, após breve pausa para reflexão volvem à dor que eles próprios
sustentam.
Entretanto, não se encontram em supostos enfermos exteriores. Moram ao nível dos
homens comuns, usufruindo-lhes os ambientes.
De quando a quando, esses companheiros aflitos se harmonizam com aqueles irmãos
reencarnados que se lhes afinam com a vida intíma, nesse ou naquele ângulo de
pensamento, e lhes transmitem a ânsia de retorno à terra.
Querem nascer de novo, a qualquer preço. Imploram novo corpo, através da suave
hipnose das petições comovedoras.
E semelhantes requisições afetivas, por vezes, repercutem nos sentimentos do
homem ou da mulher a que se ligam, através da afinidade.
E daí, freqüentemente, surgem a gravidez e a criança inesperada.
Digo tudo isso a você, prezado amigo, porque você me fala do filhinho em
gestação e indaga sobre a conveniência do aborto.
Não exija semelhante delito da sua companheira de emoções e entretenimentos.
Essa criança que você auxiliou a formar, provavelmente estará chegando do plano
que descrevemos. Não destrua o ninho dessa vê de Deus que aspira a reviver sob a
proteção de se carinho.
Se você não pensava na criança quando amava a jovem que acreditou em suas
palavras, guarde a certeza de que o espírito renascente pensou em você.
Deixe que o amor lhe funcione nos raciocínios, enterneça-se e receba quem o
procurou sem que você conscientemente o procurasse.
Quem será esse coração que pulsa no seu? Algum ente querido de seu próprio
passado ou, talvez do seu presente?
No futuro, saberemos.
Por agora, se algo podemos pedir, rogo-lhe de irmão para irmãs: amigo, auxilie
essa criança a viver.
Augusto Cezar