Erro e Reabilitação
A lei do progresso, fomentando as inevitáveis conquistas do
processo da evolução do homem e das comunidades, confirma a assertiva do Cristo,
quando elucida que "o Pai não deseja a morte do pecador, mas, sim, a do pecado".
A herança ancestral, procedente das experiências primevas por onde transita o
princípio espiritual, se demora, em mecanismo atávico, jugulando o ser aos
hábitos infelizes, que lhe constituem a natureza animal, inferior.
À força da educação e sob o império das necessidades de superar os sofrimentos e
deles liberar-se em definitivo, somente assim galga os degraus do
aperfeiçoamento moral, modificando o meio ambiente e as estruturas em que se
apóia, gerando condições novas propiciatórias do próprio desenvolvimento.
A cultura e as artes, as ciências e a tecnologia vêm em seu apoio, promovendo os
valores de que se utiliza e através dos quais conquista os títulos de
enobrecimento e de paz.
Certamente, ainda não se vive, na Terra, uma sociedade justa, onde a miséria de
vário porte haja cedido lugar à abundância, ou vigorem os direitos humanos.
Igualmente, medeiam ainda muitos males, desde as contínuas ondas de violência
promotora de guerras, como infortúnios que resultem da desatenção e desrespeito,
aos superiores Códigos de equilíbrio que regem a vida.
Sem embargo, muitos barbarismos que eram habituais e legislações vazadas na
impiedade e na vingança vão cedendo lugar a conceitos mais compatíveis com os
fenômenos psicológicos, sociais e econômicos que evitam os crimes.
Já se pode sentir o esforço quase generalizado de povos e nações que estabelecem
leis de respeito mútuo como Organizações que propugnam por uma humanidade mais
feliz, na qual os seus direitos sejam reconhecidos, assim como os seus deveres
sejam cumpridos.
De passo em passo, de experiência em experiência, o progresso moral firma as
suas bases, abrindo campo para tentames mais expressivos, portanto, relevantes.
Combate o erro, onde quer que o encontres; no entanto, enseja ao errado a lição
educativa.
Insurge-te em atitude contrária ao crime; não obstante, corrige o criminoso.
Opõe-te à violência; mas, acalma o violento.
Reage ao mal de qualquer procedência; entretanto, não te esqueças de socorrer os
maus com a tua bondade.
Arrebenta as algemas da ignorância onde se manifeste; todavia, esclarece a
vítima necessitada.
Arranca a máscara da hipocrisia onde quer que se apresente; porém, socorre
aquele que lhe padece a sanha.
Acusar por acusar ou perseguir por perseguir não resolve o problema que inquieta
as criaturas.
O cristão, em geral, e o espírita, em particular, faz mais: ajuda o caído, ao
tempo em que invectiva contra os fatores e circunstâncias responsáveis pela sua
queda.
Ninguém combate as pragas de uma seara, a fim de condená-la ao abandono.
Não é justo apontar enfermidades sem cuidar dos doentes em aflição.
A atitude correta diante do mal é a prevalência do bem, assim como deve ser o
comportamento do crítico, do acusador: a do amparo total e indiscriminado ao
equivocado, ao infeliz.
Jesus, que não concordava com o erro em situação nenhuma, jamais deixou de
educar, atender, socorrer e amparar os que haviam tombado nas malhas intrincadas
da delinqüência.
Vigilante e operoso, todo o Seu ministério é um poema de compreensão e
fraternidade com os miseráveis, sem que jamais se vinculasse à miséria.
E o fazia, porque o Pai deseja a salvação do ímpio, ao mesmo tempo em que a
impiedade deixe de existir no homem.
Joanna de Ângelis