O Herói
Afrontando a aguilhão torvo e escarninho
De sarcasmos e anseios tentadores,
Ei-lo que passa sob as grandes dores,
Na grade estreita do terrestre ninho.
Relegado às agruras do caminho,
Segue ao peso de estranhos amargores,
Acendendo celestes resplendores,
Atormentado, exânime, sozinho...
Anjo em grilhões da carne, errante e aflito,
Traz consigo os luzeiros do Infinito,
Por mais que a sombra acuse, geme e brade!...
E, servindo no escuro sorvedouro,
Abre ao mundo infeliz as portas de ouro
Para o banquete da imortalidade.
Cruz e Souza