Gratidão
Mãezinha,
trago minhas mãos cobertas das flores colhidas no bosque dos meus mais belos
sonhos, para atapetar o caminho por onde seguirão teus passos.
Rasguei meus pés na urze e nos cardos, procurando rosas imaculadas para
coroar-te os cabelos nevados. Não as encontrei, porém... Colhi somente o perfume
leve da manhã e guardei-o no coração para com ele impregnar-te os dias da
velhice como tesouro da minha gratidão.
Abri o sacrário da minha alma em busca da oblata para o teu coração e retirei,
além do pão, as gemas preciosas do amor e do respeito e vitalizei-a, tornando-a
eucaristia de reconhecimento...
Oh! Mamãezinha, todos os sacrifícios das tuas noites sem repouso e as lágrimas
que nunca secaram nos teus abençoados olhos dão forma, entre as santas mulheres
do Jardim Divino, à coroa sublime com que a maternidade vitoriosa no mundo
cingirá a Santíssima, Rainha de todas as mulheres e Mãe do Divino Sacrificado.
À semelhança delas, tuas dores construíram a escada luminosa pela qual
ascendeste à Comuna do Amor sem lágrimas...
Ajoelhada aos teus pés, anjo da minha pobre vida, vejo a mocidade dourada que os
anos mudaram na tua face, fazendo-te credora das belezas intangíveis da
santidade.
Minha vida se enobrece com a memória dos teus dias.
A visão do teu sorriso é a glória nobre das minhas horas de evocação.
O amor que me honra é a honra que o teu amor me ofereceu como prêmio que não
cheguei, sequer, a merecer...
Canta a natureza banhada de luz alimentando a semente e transformando o
pantanal, povoando de felicidade a terra, e eu também exulto de gratidão à
lembrança de tua existência, Rainha de meus dias, ornando de belezas, hoje, o
reduto no Céu, onde se preparam os filhos para a Terra de amanhã...
Bendita sejas sempre, mamãe!
Anália Franco