Sobre a Árvore

Muitas pessoas tem o maravilhoso DOM da iniciativa. Oferecem-se como voluntários, estão a frente de decisões importantes, doam-se em favor do bem. Isto valoriza a espécie humana e tornam-se verdadeiros benfeitores de outras criaturas em dificuldades, especialmente nesses momentos tortuosos do planeta.
Por isso gosto muito do personagem ZAQUEU, relatado no Evangelho de Lucas. Zaqueu, como se sabe, era cobrador de impostos e por isto mal visto pela população da pequena cidade de Jericó. E quando Jesus entrou na cidade, já famoso por suas curas, nosso personagem sentiu imensa vontade de ver o Mestre. Mas não encontrava como, pois era um homem de baixa estatura e com aquela multidão curiosa e cercando todo o caminho por onde o Mestre passaria. Ele não teve dúvidas, subiu numa pequena árvore e pôde assim ver Jesus. Mas, oh! surpresa! Quando Jesus passou, voltou-se para ele, conclamando-o a descer, pois que naquela noite se hospedaria em sua casa. Já imaginou o impacto do pobre homem. Rico, mas disposto a renovar os próprios caminhos. Sentia em Jesus a possibilidade de alterar a própria vida e buscou o Mestre. Como não podia vê-lo, em função de sua própria baixa estatura, subiu numa árvore para vê-lo. E foi conclamado pelo próprio Mestre para que descesse e o hospedasse.
A citação desse personagem no Evangelho é muito pequena. Como foi depois? Como foi hospedar o próprio Jesus? A que caminhos se conduziu Zaqueu depois do relato de Lucas? Há uma citação muito bonita no livro RESSURREIÇÃO E VIDA (Editora FEB, autoria de Yvonne Pereira/Leon Tolstoi), a quem remeto o leitor, pois o espaço do artigo é insuficiente para o relato. Mas, desejamos extrair do episódio a iniciativa de Zaqueu em buscar Jesus e não tenhamos dúvida: isto alterou completamente a vida daquele cobrador de impostos, incompreendido e desejoso da própria renovação. Claro que Jesus já o conhecia e sabia de suas intenções, por isso a valorizou publicamente. Jesus conhece a cada um de nós.
Mas, buscamos este relato para citar a importância do doar-se em favor das boas iniciativas. Felizmente, sob a inspiração do amor, existem hoje em todo Brasil, inúmeras associações ou grupos que se dedicam a recuperar viciados, a ajudar dependentes, a auxiliar deprimidos, deficientes ou colaborar com instituições que atendem necessitados. E verifiquem os leitores que as maiores necessidades de hoje são as de ordem psicológicas e emocionais, em oposto às crescentes dificuldades materiais. Mas, os sofrimentos morais, advindos da solidão, da frustração, da falta de atenção, da indiferença ou do desamor são muito maiores que aquelas advindas da situação econômica, pois que todos precisamos muito mais de amor e atenção do que de dinheiro. 
Por isso, não hesitemos em oferecer nosso tempo, nossos dons, nossas possibilidades (recurso financeiro é a de menor importância, embora necessário), para algo fazermos em favor uns dos outros. Em Jaú e região existem os grupos voluntários de combate ao câncer, os grupos de AA, as instituições que abrigam crianças ou idosos, enfermos ou deficientes. Façamos sempre algo em favor delas. São essenciais para a felicidade de nossos irmãos assistidos. Hoje estamos bem, mas e amanhã se formos nós mesmos os necessitados? Não gostaríamos de sermos tratados com amor e atenção?
Em Mineiros do Tietê, a instituição a que nos vinculamos distribui sopa para famílias carentes. Há de se ver as carências ali verificadas. Não só de pão, mas de tudo. Ora, estamos todos no mesmo barco. Vamos nos ajudar ? Julgamo-nos satisfeitos e equilibrados, mas se pararmos para pensar, veremos em nós mesmo imensas carências afetivas, emocionais ou psicológicas. Precisamos todos uns dos outros. Como nos denominarmos cristãos, com a indiferença às necessidades tão próximas de nós?


Orson Carrara