Em Busca de Conforto e Esclarecimento Espírita
Como você se sentiu na primeira vez em que esteve na casa
espírita: acolhido, deslocado, retraído, confiante, confuso, esclarecido...?
A Doutrina Espírita, através dos livros, da Internet, da TV, dos médiuns
afamados e de outros meios, vem sendo cada vez mais popularizada. Os temas da
mediunidade, da reencarnação e da vida espiritual ocasionam um interesse
crescente nas mais diferentes faixas da população. Como os centros espíritas
estão se adaptando a esta nova realidade, considerando que eles são a grande
porta de entrada para a aprendizagem e vivência espíritas?
Fico pensando no público que procura uma casa pela primeira vez: que tipo de
informação recebe? Qual orientação lhe é dada? Os cursos e atividades para as
quais é convidado preenchem sua verdadeira necessidade?
É fato notório que as casas espíritas nem sempre são a imagem fiel da visão
espírita da vida. Muitas estão ultrapassadas, tanto nos recursos pedagógicos
quanto nas relações humanas. Pararam no tempo. Qualquer pessoa pode adentrar uma
casa destas e sair com uma impressão completamente errada do Espiritismo.
Existem muitos centros que parecem existir exclusivamente para si mesmos. Se não
mudam, seria preferível que se denominassem "grupos espíritas" fechados e, não,
entidades de portas abertas. Há escassez de informações; nenhuma reunião
específica para quem está iniciando, exceto um "evangelho e passe" anacrônico e
distante da realidade; pessoas sem treino para o atendimento fraterno que vai
introduzir a criatura na rotina da casa, identificando as atividades cuja
participação mais lhe convenha.
Há também um certo discurso que prega a "simplicidade" mas que, de fato,
despreza todos os confortos e melhoramentos proporcionados pelo progresso (uma
das leis divinas que a própria doutrina ensina!), que não significam luxo, mas
facilidade e eficiência, desde recursos audiovisuais, salas apropriadas e um bom
equipamento de som, até a metodologia de estudo atualizada, facilidade de
comunicação, diminuição da burocracia em benefício do dinamismo, treinamento
para as relações humanas, um setor ativo de venda e empréstimo de livros e
vídeos, etc. Falando de maneira bastante genérica (pois há exceções
incrivelmente boas), a falta de entendimento da própria função da Doutrina em
nossas vidas, decorrente, em parte, da falta de aprofundamento nos estudos e de
uma abordagem mais prática dos temas, faz com que nos tornemos espíritas e
continuemos agindo como pessoas crédulas, sem reflexão e sem transformação
íntima significativa. Por quê? Porque inexiste mudança de mentalidade. Ir ao
centro, receber o passe, fazer sopa para os pobres e ler obras de André Luiz não
fazem de nós, espíritas.
O que diferencia o espírita é a mudança consciente de atitude, é a renovação
interior, e se não nos renovamos e não nos sentimos renovados, se não estamos
vendo a vida e os acontecimentos de forma diferente, é porque não assumimos as
conseqüências da visão filosófica do Espiritismo em nosso dia-a-dia. É porque
ainda pensamos como o "homem velho".
Entendo que a formação de uma consciência espírita é responsabilidade de todos
que a compreendem e estão prontos para viver o tipo de vida a que ela nos
convida, também, no que diz respeito à maneira de administrar a casa espírita. A
maior divulgação do Espiritismo é a dos exemplos de vida. E se vivermos aquilo
que ensinamos, estaremos levando a pensar, estaremos favorecendo a
conscientização de qualquer pessoa de nossas relações.
Se você participa de uma casa espírita e tem idéias para melhorar o trabalho ali
realizado, não se omita. Ofereça sugestões, compartilhe o que sabe. O centro
espírita não é uma estrutura rígida, onde nos conformamos às regras ou saímos.
Ao menos em tese, ele deveria ser um lugar onde as pessoas se querem bem, se
respeitam, colaboram e aprendem sobre si mesmas e sobre as leis da vida.
Rita Foelker