Necessário Despertar
Inúmeros candidatos ao conhecimento das informações espíritas
- portadoras dos relevantes mecanismos para a reforma íntima - detêm-se,
inconseqüentes, na expectativa de milagres, que os não há, para a solução de
problemas que eles próprios criaram e continuam gerando, ou esperam que a
simples adesão formal a uma Sociedade, onde se divulga o Espiritismo, é
suficiente para plenificá-los.
Fixados ao atavismo do maravilhoso e do sobrenatural, perseveram na crença
leviana de que os Espíritos desencarnados tudo sabem, tudo podem , com a missão
expressa de resolver as dificuldades humanas, desse modo, candidatando as
criaturas à ignorância e ao atraso.
Acostumados às notícias extravagantes do misticismo que envolve a mediunidade e
dos tabus em torno das comunicações espirituais, negam-se ao estudo sério, ou
intentam-no, logo o abandonando, apoiados às bengalas psicológicas do comodismo
de que lhes parece difícil a absorção do conhecimento espiritual, seja pela
impossibilidade de manter a atenção, ou por deficiência de memória, ou ainda por
perturbações de vária ordem, que afligem, adormecem, incomodam.
A argumentação simplista não procede, porquanto, em outras áreas do
comportamento, seja no trabalho, no relacionamento interpessoal, nas pesquisas e
cursos, se não houver um sincero interesse e legítima dedicação, ocorrem os
mesmos fenômenos perturbardores, desestimulantes.
Toda experiência nova é desafio, caracterizado por dificuldades, superáveis, que
mais despertam os valores morais de quem a deseja vivenciar. No que diz respeito
àquelas de complexidade profunda, quais as de transformação do homem velho em um
novo ser, os patamares a conquistar são múltiplos, revestidos de compreensíveis
impedimentos.
Não se alteram hábitos doentios, perniciosos, de um momento para outro, com
apenas a disposição, sem o correspondente esforço para consegui-lo.
A transformação interior para melhor, que o conhecimento espírita propicia, é
precedida de um necessário despertar para a aceitação de novos e preciosos
valores morais, que satisfazem e harmonizam a criatura.
Desse modo, ao desejo de crescimento, devem aliar-se o esforço contínuo e o
devotamento às idéias renovadoras, trabalhando-se por entender as diretrizes que
se lhe apresentam, experimentando e insistindo na sua implantação no mundo
íntimo.
A vitória de qualquer tentame chega após a permanência na sua execução.
Substitui, mediante as informações libertadoras do Espiritismo, os velhos
hábitos, um a um, adotando novo comportamento mental, e, depois, vivencial, a
fim de que a renovação se te faça contínua, incessante.
Fixa-te no propósito de vencer os velhos condicionamentos e adota as propostas
de ação positiva, que te auxiliarão no crescimento íntimo.
Liberta-te dos instrumentos frágeis de justificação, evitando as fugas
psicológicas à realidade, à responsabilidade.
Insiste na lapidação das arestas grosseiras da personalidade e adapta-te ao novo
modo de entender e ser, incorporando à conduta as diretrizes espirituais.
Dar-te-ás conta dos benefícios imediatos que advirão, das soluções aos problemas
que surgirão, enfim, de que o empenho se coroa de êxito na razão direta do
esforço encetado.
Não foi fácil a Simão Pedro transferir-se do mar da Galiléia, onde pescava com
simplicidade, para a experiência difícil no oceano tumultuado da humanidade...
Foi grandemente dolorosa a transferência psíquica, emocional e humana de Saulo
de Tarso, da exaltação judaica e da opulência do Sinédrio, bem como de uma
família abastada, para a atividade áspera de artesão e apóstolo de Jesus...
Maceradora foi a conduta da equivocada de Magdala, ao adotar as lições do Mestre
como regra de iluminação íntima, que conseguiu a duras penas...
A História está repleta de heróis da transformação para melhor, que todos
respeitam, porém, são incontáveis os conquistadores anônimos do continente da
alma, que estavam perdidos e se encontraram.
O Espiritismo hoje, revivendo Jesus ontem, oferece os valiosos esclarecimentos
para a felicidade, a auto-descoberta, a iluminação íntima libertadora.
Para consegui-lo é, primeiro, necessário despertar.
Joanna de Ângelis