Bolso e Vontade

Vive a tristeza com você? O desalento é seu hóspede íntimo? A modorra lhe trai a iniciativa?
Colha do chão a esperança renascente. Arrebate ao lixo os trapos de sua serenidade.
Seus celeiros não estão vazios. Há filões inesgotáveis para serem explorados no subsolo de seu espírito.
Recomponha o rosto. Reaja. Viver é reagir a cada movimento constrangedor, a toda circunstância aflitiva, a qualquer contratempo inesperado, para se respirar a plenos pulmões, sedimentando as obras remissoras.
Pensamentos de raízes enfermiças só podem dar olhares desendereçados, palavras de inflexão disforme, gestos discordantes.
Surgem edificações inéditas no palco de ensaios do mundo, quando se conjugam, na criatura, a orientação entusiástica do espírito e a disposição natural do corpo.
Esse ajuste indispensável em todas as realizações de profundidade, mormente naquelas que visam à Imortalidade, depende sempre de decisão que se origina de uma só consciência para depois contagiar outros destinos. Favoreça encontros dessa natureza em seu cosmo interior
Ânimo e trabalho. Harmonize corpo e alma. Predisponha-se à construtividade do melhor.
Vale observar que o homem, quando renasce na carne, não dispõe de nenhum bolso no corpo. Constitui o bolso invenção puramente humana. Urge ter cuidado com ele, ver-lhe o tamanho, funções e qualificações na experiência diária.
O bem coloca, acima do bolso mais rico, a vontade resoluta da pessoa mais anônima.
Pouco influem as oportunidades externas para liderarem serviços. Paira, acima de tudo, o ensejo que a consciência confere a si mesma para fazê-las. Você dita o seu destino.
As resoluções são nossas atitudes intimas, mais sérias por morais, mais comuns por internas, de maiores consequências por surgirem na gênese da vida individual — a emoção.
Os sentimentos são alavancas negativas ou positivas que sustentamos para o melhor ou para o pior, onde estamos.
Já denuncia um ponto fraco, nas barreiras espirituais de alguém, a atitude de se defender a todo instante, de todos, de tudo. Quem age no bem, já se resguarda na força do exemplo.
O fruto é o cartão de identificação e, ao mesmo tempo, o escudo constante da árvore.
Seu endereço na Terra não é a casa ou o número que lhe dão referência pessoal. E’ a corrente de forças simpáticas aplicadas por você, no progresso e na felicidade da província de ação onde você vive, e que lhe acompanham os mínimos movimentos assegurando-lhe um lugar ao sol da verdade eterna.


Kelvin Van Dine