A Grande Reforma
PRIMEIRA REFORMA
Segundo o Velho Testamento a nação egípcia, poderosa e evoluída nos tempos
primórdios da Historiografia, tinha o povo hebreu por escravo há quatrocentos
anos e esse povo levava grande preocupação ao faraó pelo seu rápido crescimento,
em comparação ao povo egípcio, e por não aceitarem a idolatria aos vários deuses
egípcios.
Em decorrência desses fatos o faraó proibiu, no seio dos hebreus, a crença que
florescia dos seus antepassados em um Deus, único e espiritual, e determinou que
todos os bebês do sexo masculino nascidos entre os mesmos fossem mortos nas
águas do Rio Nilo, para tentar conter o crescimento populacional.
Foi nesse clima aterrador que nasceu Moisés, nome que em egípcio significa
“salvo das águas”, pois, para fugir da perseguição e morte, Jocabel, sua mãe,
colocou-o em um cesto e entregou-o às águas do Rio Nilo para que a Providência
Divina cuidasse dele, quando então, por essa interferência, foi recolhido do rio
pela filha do faraó, Termutis, que o fez um grande homem, em inteligência e
destemor.
Este foi o primeiro Espírito de luz enviado por Deus à Terra para a Primeira
Reforma, não fácil, pois tinha a incumbência de transformar Espíritos
encarnados, cruéis e semi-selvagens, ao temor de um Deus único e imaterial,
contrário à crença milenar de “deuses materiais” que se praticava.
Nesse meio árido de sentimento, Moisés, através de sua mediunidade de efeitos
físicos, recebe da espiritualidade maior os chamados Dez Mandamentos que,
posteriormente, ficaram conhecidos por Primeira Revelação, implantando uma
reforma radical nas condutas e sentimentos da época.
SEGUNDA REFORMA
No transcurso da primeira reforma, vários outros Espíritos Superiores reencarnam
e ficam conhecidos por Profetas, os quais reforçavam a crença da existência do
Deus único e imaterial, bem como anunciavam a vinda do Filho desse Deus, que
seria chamado por Cordeiro de Deus, pois sabiam do sacrifício que estaria
exposto junto aos Homens.
Esse Espírito, ultra-iluminado, seria o Cristo de Deus e o Salvador da
Humanidade, pois traria os ensinamentos necessários para o ser humano
desprender-se do mundo material e conquistar o mundo espiritual, originário a
todos seres inteligentes.
Eis que, em meio de turbulências de conquistas e de crenças da época, encarna o
Cristo, recebendo o nome de Jesus, em ambiente simples e humilde e, sem cursar
qualquer escola, cresce em sabedoria e bondade.
Em sua caminhada terrestre, sem nada escrever, traz para a Humanidade a Segunda
Revelação, que ficou conhecida por As Boas Novas, que na verdade é o caminho da
luz para o Espírito.
Se o intuito da Primeira Reforma era a revelação de um Deus único e imaterial, a
Segunda Reforma foi a revelação da imortalidade do Espírito, e não mais o uso da
força e da vingança, mas do amor e do perdão.
Por sua vez afirmou, categoricamente, que não veio revogar a Lei, ou seja, Os
Dez Mandamentos, mas sim dar cumprimento à mesma, com estas palavras: “Não
penseis que eu tenha vindo destruir a lei e os profetas; não os vim destruir,
mas cumpri-los, porquanto, em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão,
sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste
um único iota e um único ponto”. (Mateus 5:17-18)
No transcorrer de seus ensinamentos deixou bem claro que estava transmitido
somente o que se poderia compreender naquela fase evolutiva, pois não
“suportariam” mais profundidade, quando então prometeu que enviaria Outro
Consolador, o Espírito de Verdade, que lembraria tudo que havia dito e ensinaria
todas outras coisas mais.
TERCEIRA REFORMA
Na Europa, já no século XIV do Cristianismo, houve um grande avanço da classe
burguesa, classe essa de comerciantes que cresciam e se sentiam sufocados pelas
classes dominantes, que eram ligadas ao Estado e à Igreja, com pesados impostos
aos primeiros e injustos dízimos aos segundos.
Diante desta situação, a nobreza e o clero obstruíam ao interesse de
enriquecimento tanto dessa nova classe quanto dos camponeses; assim a
insatisfação crescia com reivindicações de liberdade em vários setores,
principalmente da Igreja.
Foi nesse quadro geral que florescia em vários pontos da Europa, entre eles a
Alemanha, Inglaterra, França, Suíça, Holanda, Hungria e Polônia, as idéias de
mudanças religiosas e morais. A Igreja Católica, ligada ao Estado,
distanciava-se das realidades evangélicas com seus dogmas, rituais e paramentos.
Esse movimento ficou conhecido por PROTESTO.
Foi justamente nesse período que Deus faz reencarnar um outro Espírito de luz e
de muita fibra para trazer a Terceira Reforma, Espírito esse que veio de outras
lutas em existências pretéritas, o qual tornou-se um monge agostiniano, Martinho
Lutero, e, em 31 de outubro de 1517, após vários contatos com outros
interessados nessa reforma religiosa, afixou à porta da igreja do Castelo de
Wittenberg, suas 95 Teses de reformas à Igreja Católica e, entre as principais,
citamos a negação da superioridade do Papa; o não pagamento para receber
indulgência; os ofícios religiosos tiveram o latim substituído pelo idioma do
país; exclusão do celibato e de vários sacramentos, entre outras reformas, dando
origem à Igreja Protestante.
Além de Martinho Lutero, destacaram-se nessa reforma John Wycliffe (Inglaterra);
John Huss (Bohemia); Ulrich Zwinglio (Suíça); João Calvino (Genebra). Alias, foi
uma reforma sangrenta que custou muitas vidas e muitos mártires, destacando-se a
perseguição que ficou denominada por Noite de São Bartolomeu (24 de agosto de
1572), quando aproximadamente 30.000 protestantes foram massacrados a mando.
O Protestantismo rompeu com a autoridade da Igreja Romana devido aos abusos que
ocorriam de todos gêneros e trouxe novos caminhos ao Cristianismo.
A GRANDE REFORMA
Como Jesus enfatizou que não veio destruir a Lei e os Profetas, mas dar
cumprimento às mesmas, Allan Kardec, Codificador da Doutrina Espírita,
identicamente não veio revogar as Leis procedentes de Deus, mas sim trazer luz
sobre as mesmas.
E todas essas revelações, com períodos distanciados uma das outras, pela
necessidade imperativa de aguardar o tempo apropriado ao grau de adiantamento
dos Homens, com o escopo de poder receber novas informações educativas e
evolutivas, e assimilá-las às suas condutas.
As Leis Mosaicas e as Leis Cristãs, num período de aproximadamente 6.000 mil
anos, entre ambas, não conseguiram impor à Humanidade as Leis Imutáveis de Deus,
pois os cristãos somam-se em apenas um terço (dois bilhões), enquanto que os
hebreus são uma parte ínfima perante os seis bilhões de encarnados, havendo
ainda grande, divergências e conflitos atrasando a evolução do planeta.
O que acarretou, até então, essa dificuldade de compreensão é o grau evolutivo
diferenciado que existe entre as individualidades, levando-os em se agruparem de
conformidade com suas afinidades de entendimento por se ajustarem melhor. Foi
justamente devido a todas essas dificuldades evolutivas que o Cristo de Deus
advertiu que havia ainda muitas coisas a serem reveladas, mas que não
suportariam; entretanto prometeu que enviaria um Outro Consolador, o Espírito de
Verdade que haveria de lembrar a tudo que havia dito e ensinaria todas outras
coisas mais.
E, assim, chegou-se ao século XIX, período de transformações e renovações
gigantescas no campo político, social, econômico, científico e religioso,
oferecendo condições propícias para a nova semeadura prometida, pois o campo
estava já fértil para aceitação e propagação.
Assim, aproximou-se o momento de vir à Terra um novo emissário do Cristo, um
Espírito de escol que reencarnava na cidade de Lyon, na França, em 03 de outubro
de 1804, há 200 anos, e foi registrado com o nome Hippolyte Léon Denizard
Rivail. Teve a missão de codificar a Terceira Revelação, o Cristianismo
Redivivo, que recebeu o nome de Espiritismo, ficando conhecida por Doutrina
Espírita ou Doutrina dos Espíritos.
Realmente, concretizou-se a promessa do Cristo, pois em 18 de abril de 1857
Allan Kardec, pseudônimo que veio a usar, lança o primeiro livro da nova
doutrina, O Livro dos Espíritos, obra filosófica advinda, mediunicamente, por
milhares de mensagens de Espíritos Superiores, assim o Outro Consolador se
implantava entre nós.
Se a Lei do Antigo Testamento está personalizada em Moisés, a do Novo Testamento
em Cristo, o Espiritismo, que é a Terceira Revelação, não está personalizado em
ninguém humano, pois é produto do ensinamento dado pelos Espíritos trabalhadores
de Deus, chamados por As Vozes do Céu, que está sendo revelada em todos os
pontos da Terra e para todas as crenças.
Portanto, a Doutrina Espírita é a GRANDE REFORMA que vem ocorrendo na
Humanidade, chamada por Jesus de Tempos Chegados, que está intermediando entre o
mundo velho, que é Mundo de Provas e Expiações e o mundo novo, que é o Mundo de
Regeneração, que devemos conquistar com as práticas de seus ensinamentos, que
não deixa de ser o Cristianismo Redivivo.
Não esperamos que o Espiritismo venha a ser mais uma Religião, nem tampouco que
será a primeira Religião entre outras, nem que as demais irão desaparecer, mas
com toda certeza veio como reformadora de todas elas que sem trocarem os seus
nomes irão, pouco a pouco, como sempre ocorreu, aderindo e praticando as idéias
Espíritas.
Os Espíritas ainda não se compenetraram que são, na realidade, os reformadores
de nossa época, motivo que em toda parte do nosso globo terrestre estão
ocorrendo, não pregações como se dizia antigamente, mas palestras incumbidas de
reformar as religiões e, em conseqüência, a própria Humanidade.
João Demétrio Loricchio - RIE