Comprovando a Reencarnação
Ainda não foi possível comprovar a reencarnação através das
impressões digitais, mas a excelente idéia já está sendo aproveitada por João
Alberto Fiorini e, em breve, é possível que tenhamos novidades nesse campo.
As técnicas para se investigar e comprovar possíveis casos de reencarnação já
são conhecidas no meio espírita. Nos últimos anos, João Alberto Fiorini,
delegado de polícia atuando na Agência de Inteligência do Paraná, vem
desenvolvendo um novo método. Especialista em impressões digitais, ele entende
que é possível confirmar um caso de reencarnação utilizando essa forma de
pesquisa científica.
Esse caminho começou a ser seguido em 1999. Na época, João Alberto se recuperava
de uma cirurgia realizada em São Paulo, e teve a oportunidade de ler um artigo
publicado num jornal em 1935, escrito por Carlos Bernardo Loureiro. A matéria
foi reproduzida no jornal da Federação Espírita do Estado de São Paulo, e se
referia a um menino que tinha a mesma impressão digital de um homem que já havia
falecido há dez ou quinze anos. O autor da matéria era um dos grandes estudiosos
do assunto, na época, e gostava de comparar impressões digitais.
Fiorini sabia que não é possível existirem duas impressões digitais iguais, mas
ainda assim, ele levou a história a sério e resolveu estudar mais: fazer uma
pesquisa para saber se não haveria qualquer possibilidade de se encontrar duas
impressões iguais. “Eu já era espírita”, explica João Alberto, “mas ainda não
tinha feito qualquer pesquisa científica. A partir daí, comecei a fazer um
estudo profundo sobre impressões digitais, pesquisando tudo o que poderia
existir em livros brasileiros e norte-americanos, na área da Medicina.”
A pesquisa levou-o a conversar com membros do conselho de dermatologia do Paraná
e a conhecer o trabalho do dr. Agnaldo Gonçalves, professor da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto. Assim, ficou sabendo por que as pessoas têm
impressões digitais, impressões palmares e as linhas nas mãos e nos pés. Em seu
livro Anais Brasileiros de Dermatologia, o dr. Gonçalves diz que os desenhos
formados nas mãos e pés estariam ligados à genética, variando de mão para mão,
de raça e de sexo. “Se você verificar as impressões digitais das mulheres”,
informa Fiorini, “vai ver que elas têm uma tendência maior à presilha, que é um
tipo específico de desenho”. Mas uma parte da formação dessas linhas – e não se
sabe ao certo o quanto –, pode estar relacionada aos movimentos do feto no
útero. Mesmo no caso dos gêmeos univitelinos, as impressões digitais são
diferentes.
Pesquisas
Seguindo uma pesquisa realizada anteriormente em Cambridge, Inglaterra, Fiorini
também observou as digitais de homossexuais. O estudo inglês havia mostrado que
os homossexuais apresentavam características de impressões no polegar direito
que se aproximavam das características femininas. Com uma pesquisa realizada
principalmente com travestis, o pesquisador brasileiro comprovou que as digitais
apresentavam a presilha de uma digital feminina, conhecimento que serviu de base
para seus estudos posteriores.
O normal é que os homens não apresentem a presilha, mas sim, o verticilo, outro
tipo de desenho. Então, ele se perguntou, por que os homossexuais não teriam o
verticilo. A situação não fazia muito sentido, cientificamente falando. Ele
também observou as digitais de mulheres criminosas, que deveriam apresentar
presilha. Mas, ao estudar os sinais, percebeu que a incidência maior era de
verticilo, a característica masculina. “Isso me surpreendeu muito”, diz Fiorini,
“e comecei a ver nas impressões digitais algo a que as pessoas não deram muita
importância, como se não tivesse interesse científico.”
Vendo pelo lado espiritual, explica Fiorini, uma pessoa, ao desencarnar, fica de
0 a 250 anos no plano espiritual. Em outras palavras, ela tanto pode reencarnar
rapidamente, quanto pode demorar um tempo mais longo; mas o mais comum é que
essa reencarnação ocorra dentro de um período de 40 a 70 anos. Se imaginarmos
que uma mulher morre e retorna rapidamente, em mais ou menos dois anos, porém
ocupando o corpo de um homem, ela virá então trazendo ainda as características
femininas. Assim, segundo João Alberto, a questão envolvendo a homossexualidade
nada tem a ver com desvio de personalidade, como muitas pessoas ainda insistem
em dizer, mas está relacionada com a vida anterior e com o fato da reencarnação
ocorrer muito próxima. “Eu cheguei a essa conclusão”, ele conta. “Eu sou o único
que está levando a pesquisa para esse lado. O dr. Hernani (Guimarães Andrade)
também já pesquisou, mas ele fala apenas do tempo de intermissão. Eu vou além,
entendendo que essas impressões digitais não se alteram quando o espírito
reencarna.”
Metodologia
A seqüência lógica dos estudos e pesquisas do dr. João Alberto Fiorini foi
entrar em contato com o dr. Hernani Guimarães Andrade, presidente do Instituto
de Pesquisas Psicobiofísicas, em Bauru, São Paulo, a quem Fiorini considera um
dos maiores cientistas do mundo em assuntos de reencarnação. Ele também é um
nome muito respeitado por parapsicólogos, não apenas do Brasil, mas de todo o
mundo.
Outro ponto de apoio para suas investigações foi o exaustivo trabalho do dr. Ian
Stevenson, que já investigou mais de três mil possíveis casos de reencarnação,
baseando-se em depoimentos de crianças. Stevenson, de reputação internacional,
começou a coletar depoimentos de crianças de todas as partes do mundo, sempre
que elas se referiam à sua existência numa encarnação anterior. Stevenson e sua
equipe coletavam esses depoimentos, arrumavam as informações que as crianças
forneciam sobre suas possíveis vidas passadas, e iam ao local em que elas teriam
vivido para comprovar ou não essas informações. Os resultados obtidos foram tão
impressionantes que grande parte da comunidade científica ficou abalada em suas
convicções e noções, até então restritas sobre o tema reencarnação.
A pergunta que Fiorini fez ao dr. Hernani foi se era possível um espírito
retornar com a mesma digital. Ele respondeu que acreditava ser possível; se a
pessoa volta com marcas, sinais, cicatrizes, deformações e até mesmo doenças,
por que não com as mesmas impressões digitais? Conversando com ele, estabeleceu
um método de pesquisa que consiste em procurar crianças, geralmente entre os
dois e quatro anos de idade, que tenham o costume de afirmar que viveram em
outro lugar, em outra época, que tiveram determinado tipo de ações ou conheceram
certas pessoas. Isso ocorre pelo fato do perispírito dessas crianças não estar
acoplado ao corpo somático, adaptação que só irá ocorrer aos sete anos. Se o
tempo de intermissão for muito curto – geralmente, no Brasil, essa reencarnação
se dá de dois até oito anos – essas crianças começam a falar sobre suas vidas
passadas. Assim, é possível coletar essas informações, da mesma forma como foi
feito pelo dr. Ian Stevenson, e procurar os locais e pessoas aos quais elas se
referiram. Se a pessoa em questão tiver registrada uma impressão digital, é
possível então fazer a comparação desejada.
Pesquisa de Campo
Fiorini está, agora, partindo para a investigação de casos aos quais tenha
acesso. Ele diz que solicitou ao dr. Hernani que lhe fornecesse dados de casos
de reencarnação que ele já tivesse pesquisado, mas por questões éticas, ele não
pôde fornecê-los, aconselhando-o a procurar estudar novos casos.
Assim, quando esteve em São Paulo para participar do programa Espiritismo Via
Satélite, João Alberto pediu que as mães que percebessem seus filhos falando
sobre vidas passadas entrassem em contato com ele para que a investigação
apropriada pudesse ser realizada. A idéia é que não se desprezem as coisas que
as crianças digam, mesmo que pareça não ter muito sentido ou ser apenas produto
da imaginação, anotando tudo num papel.
“Chegaram muitas cartas”, explica Fiorini, comentando o resultado de sua
participação no programa, e está dando seqüência às investigações. Ele ainda não
atingiu seu objetivo na pesquisa científica das impressões digitais ligadas à
reencarnação, mas acredita que em breve deverá ter novidades.
É claro que a comprovação de reencarnações também pode ser feita através de
outros testes, como o exame grafotécnico, comparando-se a caligrafia da criança
com a da pessoa que ela possivelmente teria sido na vida anterior. Da mesma
forma com os exames médicos, ou seja, se uma pessoa morre subitamente,
assassinada ou em desastres, ela reencarna com determinadas marcas e cicatrizes
relacionadas ao evento em questão. O problema é que essas marcas vão
desaparecendo com o tempo, de modo que a pesquisa tem de ser feita o quanto
antes, enquanto as evidências estão mais nítidas.
Com tudo isso em mente, João Alberto Fiorini está dando seqüência ao seu
trabalho de pesquisa e investigação, ao mesmo tempo em que prepara seu livro
sobre o assunto. “O meu livro vai ensinar as pessoas a investigar a
reencarnação, como uma receita”, ele explica, entendendo que, se um número maior
de pessoas se dispuser a tornar públicas as informações nessa área, a pesquisa
será facilitada. Seria um livro para mostrar às mães, aos médicos e às pessoas
que estejam intimamente ligadas a crianças de 0 a 7 anos de idade, como proceder
nos casos citados, coletando o maior número de dados possíveis e anotando tudo o
que a criança falar sobre uma possível vida passada, da mesma forma que foi
feito na pesquisa do dr. Ian Stevenson e em outros estudos realizados na Índia.
Ainda é grande o número de pessoas que se sente constrangida em falar sobre o
tema reencarnação, de modo que nem sempre é muito fácil encontrar quem fale
abertamente sobre isso. Além disso, ainda existe o medo do sensacionalismo que
alguns veículos promovem em torno de assuntos dessa natureza, afastando ainda
mais as pessoas que desejam pesquisar seriamente a reencarnação.
Tendo em mãos as informações obtidas das crianças, Fiorini pode partir para a
investigação propriamente dita, levantando os dados e fazendo as comparações. E,
com um pouco de sorte, conseguindo fazer a avaliação das diferentes impressões
digitais.
Assim, quem tiver qualquer relato sobre possíveis reencarnações, pode enviar
para a revista Espiritismo & Ciência. Todo e qualquer relato será confidencial e
repassado imediatamente para o delegado dr. João Alberto Fiorini, que realizará
as investigações necessárias.
Os relatos podem ser enviados para:
Espiritismo & Ciência
Redação
Rua Andrade Fernandes, 283
São Paulo – SP
05449-050
Investigação em Ribeirão Preto
Recentemente, João Alberto Fiorini esteve em Ribeirão Preto para ver de perto um
caso envolvendo um garoto de cerca de oito anos, e que já havia sido relatado
pela avó dele na revista Visão Espírita. Quando a criança tinha apenas três anos
de idade, começou a fazer declarações espantosas, exatamente da forma como
costuma acontecer com as crianças que se lembram de vidas passadas. Numa dessas
declarações, ele disse à avó que, quando ele era grande e ela era pequenina, ele
era seu pai. Dias depois, quando a avó esquentava o leite para ele, ele voltou a
tocar no assunto, dizendo que quando ela era pequena, ele é que esquentava o
leite para ela.
Em outras declarações, disse que, na outra vida, ele tocava numa orquestra e
morava num sobrado; também se lembrou que morava numa fazenda, e descreveu o
lugar com detalhes. Quando a avó perguntou se ele tinha visto aquilo na
televisão, ele disse que estava se lembrando de outra vida.
As lembranças foram ficando escassas à medida que o garoto crescia, como Fiorini
diz que costuma ocorrer com todas as crianças. É como se, aos poucos, elas
fossem se esquecendo das vidas anteriores e de sua passagem pelo mundo
espiritual, do qual aquele menino de Ribeirão Preto também tinha lembranças e
contava algumas passagens.
Diz-se que, em 1999, no período em que as lembranças já eram mais raras, ele
ouviu algumas palavras em espanhol e sabia o seu significado, como também
conhecia o inglês. Ele disse que, se sabia espanhol e inglês, era porque já
tinha vivido na Espanha e nos Estados Unidos.
Uma linha de pesquisa possível com relação à sua suposta vida anterior está
ligada ao seu medo irracional das explosões de fogos de artifício, e a manchas
escuras que ele apresenta nas pernas, que ficaram mais visíveis aos três anos de
idade. A explicação do próprio menino é que, em outra vida, ele lutou numa
guerra e levou tiros nas pernas; segundo ele, na guerra de 1968. Como ele
conhecia muito bem o inglês e se referiu a uma guerra ocorrida em 1968,
imediatamente a avó imaginou que ele pudesse estar se referindo ao Vietnã.
Fiorini tentou obter mais alguns dados que pudessem ajudá-lo a confirmar as
informações obtidas através dos testes das digitais, mas não foi possível. Dos
parentes aos quais o menino se referiu, não existem documentos que possam ser
utilizados. E do possível jovem que lutou no Vietnã, é quase impossível saber
alguma coisa sem dados mais concretos.
Ainda assim, é um bom registro, nos moldes do que foi feito pelo dr. Ian
Stevenson, com informações sendo coletadas antes que a criança perdesse
totalmente a lembrança dessas vidas anteriores, o que já está acontecendo.
Gilberto Schoereder