Teu Corpo
Não menosprezes teu corpo, a pretexto de ascensão à virtude.
Recorda que a semente responsável pelo pão que te supre a mesa, em muitas
ocasiões, se valeu do adubo repelente a fim de poder servir-te e que a água a
derramar-se do vaso para acalmar-te a sede, quase sempre, foi filtrada no
charco, para que a secura não te arruinasse a existência.
O corpo físico é o santuário em que te exprimes no mundo.
Não olvides semelhante verdade para que não respondas com o desleixo à
Previdência Divina que, com ele, te investiu na posse de valiosos recursos para
o teu aperfeiçoamento de espírito na vida imperecível.
Realmente, as almas vacilantes na fé e ainda aprisionadas às teias da ignorância
arrojam-no aos desvãos da aventura e da inutilidade, mas os caracteres valorosos
e acordados para o bem, dele fazem o precioso veículo para o acesso às alturas.
Com o corpo terrestre, Maria de Nazaré honorificou a missão da Mulher, recebendo
Jesus nos braços maternais e Paulo de Tarso exalçou o Cristianismo nascente,
atingindo o heroísmo e a sublimação... Com ele Francisco de Assis imortalizou a
bondade humana; Iordano Bruno lobrigou a multiplicidade dos mundos habitados;
Galileu observou o movimento da Terra em plena vida cósmica; Vicente de Paulo
teceu o poema inesquecível da caridade e Beethoven trouxe ao ouvido humano as
melodias celestiais...
Lembra-te de que teu corpo é harpa divina.
E ao invés de lhe condenares as cordas ao abandono e à destruição, tange nelas,
com o próprio esforço, o hino do trabalho e da fraternidade, da compreensão e da
luz, que te fará nota viva e harmoniosa na sintonia de amor universal com que a
Beleza Eterna exalta incessantemente a Sabedoria Infinita de Deus.
Emmanuel