Justiça Plena
Afinal, que Deus é esse que permite tantas desigualdades
sociais? Como entender as diferenças humanas, gritantes muitas vezes, no âmbito
social, cultural, moral, emocional? Onde fica a justiça diante de destinos e
sortes tão diferentes, perante a alegada igualdade de origem? Doentes ou
mutilados durante toda a vida perante saudáveis que desfrutam plenamente a vida;
pobres ao extremo diante de ricos que parecem privilegiados; fome e miséria para
uns, abundância para outros; crime ombreando a cultura e tudo mais.
Como entender, compreender, aceitar?
São perguntas justas, coerentes. E não estão todas enumeradas. Há uma série
infindável de indagações que perturbam e embaralham a mente humana. Há um
detalhe, porém, desconhecido ou incompreendido. Cada pessoa, esteja na situação
que estiver, está na condição que construiu para si mesma ou necessita estar.
É simples. Não estamos no planeta pela primeira vez. Já vivemos outras épocas,
ocupando outros corpos, em outros locais. Acumulamos experiências, tropeços,
erros e conquistas, tanto morais quanto intelectuais. Mas não foram experiências
desconectadas entre si, mas simplesmente a mesma vida em existências diferentes.
Não temos a memória delas justamente para que façamos da presente existência um
novo laboratório de conquistas que nos ensejem o mérito do próprio esforço.
Estamos novamente no planeta para aprimorarmos o sentimento, o intelecto, o
relacionamento com as demais pessoas. E como há absoluta solidariedade na
seqüência destas existências, colhemos agora o que plantamos antes e colheremos
no futuro o que semeamos no presente. Em todos os sentidos. Justo, não é? Pelo
menos, podemos afirmar, sem medo de errar, que a cada um segundo suas próprias
ações.
Aí está pois a justiça. Há um intervalo de avaliação entre uma existência e
outra, mas na realidade somos sempre nós mesmos. E estas existências vão
construindo a experiência, ensinando como agir corretamente e definindo novos
rumos. Tudo com a benção do esquecimento em cada recomeço para não prejudicar o
novo planejamento.
Está aí o princípio da reencarnação. Por ele se pode avaliar e entender o porque
de tantas diferenças entre as criaturas humanas. Umas já aprenderam, outras
estão aprendendo.
Algumas estão consertando equívocos, outras estão recebendo o mérito do próprio
esforço.
Orson Carrara