A brasa longe da fogueira esfria e se apaga

Natural de Ribeirão Preto, SP, Mário Gonçalves Filho é casado com Mar lene Fagundes Carvalho Gonçalves e pai de dois filhos: Mário Gonçalves Neto (30 anos) e Thiago Carvalho Gonçalves (25 anos). Pertence à quarta geração de uma família espírita. Seu bisavô conheceu o espiritismo em Ribeirão Preto, participando de grupos de estudo e prática mediúnica no início do século 20.

Conte um pouco sua história no espiritismo.
Aos três anos, ingressei na evangelização infantil do Centro Espírita Amor e Caridade. Aos quatorze, comecei a participar da mocidade e do movimento jovem da instituição. Um mundo novo se abriu para mim. Logo comecei a participar ativamente do Departamento de Mocidade da USE local e colaborar na Feira do Livro Espírita de Ribeirão Preto. Sempre estive vinculado ao movimento espírita, especialmente na tarefa de difusão da Doutrina por intermédio do livro. Vários companheiros marcaram minha caminhada no movimento espírita. Entre eles destaco o amigo/irmão José Antônio Luís Balieiro, que sempre me motivou e me inspirou com o seu exemplo de dedicação e persistência. Em 2005, juntamente com outros companheiros, propusemos e implantamos o ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, na Intermunicipal de Ribeirão. Com o sucesso desta proposta em nossa região, em 2009, o amigo Balieiro que ocupava o cargo de presidente da USE-SP, convidou-me a levar o ESDE para todo o Estado. Desde então, coordeno juntamente com uma equipe, espalhada em todo território paulista, o Departamento de Estudos Sistematizado da USE-SP. Inicialmente fiquei assustado, com o enorme desafio que me fora proposto... Por isto, tenho o dever de registrar o apoio fundamental de três pessoas: Júlia Nezu e Neli Del Nery Prado, que na época eram as vice-presidentes da USE, e Marlene Fagundes Carvalho Gonçalves, minha esposa, que é formada em pedagogia e deu a base didática-pedagógica que a tarefa precisava. Em 2010 comecei a integrar a Comissão Executiva da Intermunicipal de Ribeirão Preto, colaborando na tesouraria e secretaria. Em 2015 e 2018, fui eleito e reeleito, respectivamente, para o cargo de presidente.

Qual a importância do movimento de unificação para o espiritismo?
Aprendi no Centro Espírita Amor e Caridade que a importância do ideal unificacionista do movimento espírita está expressa em um ditado antigo, que diz que “a brasa longe da fogueira esfria e se apaga”.

Como vê o espiritismo em São Paulo, especialmente na região de Ribeirão Preto?
Um grande dínamo de ações significativas para a difusão e propagação dos princípios de nossa Doutrina. Estas ações ganharão ainda mais força à medida que conseguirmos atuar com sinergia e de forma mais cooperativa. Para atingirmos este ideal de responsabilidade pela causa, faz -se necessário trabalhar para eliminar em nós o egoísmo e o personalismo.

Qual sua opinião sobre a participação dos jovens no movimento espírita?
O mundo mudou muito nas últimas décadas. O movimento espírita precisaria estar mais adaptado a estas transformações sociais. Há jovens valorosos em nossos centros, mas em número bem inferior ao de frequentadores mais velhos. Os jovens que atuam no movimento juvenil, realizando encontros e confraternizações, buscando o ideal de unificação, têm um slogan que diz: “o jovem não é futuro, mas sim o presente”. Esta frase traz em si um pedido para que sejam inseridos no movimento geral, mas ao mesmo tempo os vemos trabalhando isoladamente. Por sua vez o “movimento adulto” não sabe como integrá-los, e se pergunta: Onde estão os jovens? Mas, precisamos juntos, urgentemente, encontrar este caminho.

Como analisa a intensa presença do espiritismo hoje nas mídias sociais?
Precisamos pensar em um espiritismo para todos. A internet é uma grande “praça pública”, na qual todos podem se manifestar... daí vem uma ameaça: muitos divulgam pelas mídias informações pseudo-espíritas. As instituições, como a USE, precisam ocupar seu espaço nesta praça e serem reconhecidas como referências seguras.

Quais as principais dificuldades enfrentadas atualmente?
A região de Ribeirão Preto tem um movimento muito ativo, mas há muito por fazer. Se considerarmos as áreas das USEs Regionais de Franca e Ribeirão Preto, temos cerca de 240 instituições unidas e mais uma quantidade expressiva de casas não unidas à USE. Em sua grande maioria, são peque nos núcleos, que lutam com dificuldades para se manter e carecem de orientação e formação de trabalhadores para todas as áreas de trabalho de uma Casa Espírita. Precisamos levar o estudo espírita para todos os centros de forma sistemática, abolindo totalmente o improviso de nossas práticas.

Vocês realizaram recentemente uma feira do livro espírita. Como foi o evento?
Alcançamos o objetivo principal de uma feira do livro espírita, que é levar o conhecimento espírita para um local público, acessível a todos. Foram vendidos cerca de 4.500 livros. Mas a venda é apenas uma consequência; as feiras são uma extensão dos centros espíritas, muitos nos procuram em busca apenas de um ouvido atento e uma palavra amiga.

Como vê o futuro do espiritismo?
O espiritismo como movimento humano será o que dele fizerem os homens, já nos disse Léon Denis. Mas, como revelação divina alcançará a todos incondicionalmente. Nós, dirigentes, como todos os espíritas, devemos colocar todo esforço para vencer nossas dificuldades pessoais, trazendo para nossas mãos todo conhecimento que a Doutrina já nos possibilitou compreender. Bezerra de Menezes nos exorta, em uma mensagem, a construir estradas espirituais de uns para os outros. Os materiais para a construção dessas estradas são: o estudo, que aprimora e direciona nossos sentimentos e atos para o Bem; o trabalho em conjunto, que possibilita vivenciar os ensinos de Jesus, e a argamassa da amizade, regada por café, pão de queijo, abraço e aperto de mão.


Extraído da Revista Dirigente Espírita de Novembro/Dezembro de 2019

Autor: Mário Gonçalves Filho

Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

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